segunda-feira, 10 de março de 2025

ATIVIDADE COMPLEMENTAR DE INTERPRETAÇÃO TEXTUAL

 

ATIVIDADE COMPLEMENTAR  DE LEITURA 

Conto: “O Alienista” de Machado de Assis

No tempo em que a cidade de Itaguaí se chamava Vila de Nossa Senhora do Amparo, havia ali um médico chamado Simão Bacamarte. Era médico, mas não daqueles que se contentam em examinar pacientes e receitar remédios. Sendo assim, Simão Bacamarte queria fazer mais pela humanidade. Ele queria estudar a mente humana e descobrir as raízes de todas as doenças mentais.

Com o apoio dos moradores mais influentes da cidade, o médico fundou um asilo para doentes mentais. Dessa forma, ele contratou os melhores médicos e enfermeiros e começou a tratar todos os tipos de doenças mentais. No entanto, Simão Bacamarte não se contentou em curar os pacientes. Ele queria algo mais. Ele queria entender a mente humana.

Assim, o médico começou a prender pessoas na rua e trazê-las para o asilo, mesmo que elas não estivessem doentes. Bacamarte acreditava que todos os seres humanos têm um grau de insanidade e que era seu dever estudá-los e classificá-los. Dessa forma, com o tempo, cada vez mais pessoas eram levadas para o asilo, até que a cidade inteira estava praticamente vazia.

Um dia, o médico decidiu que havia encontrado a cura para todas as doenças mentais. Em seguida, ele anunciou que todos os pacientes poderiam sair do asilo, exceto aqueles que eram completamente sãos. Com essa nova definição de sanidade, quase todos os moradores da cidade foram trancados no asilo. Simão Bacamarte havia se tornado o louco que queria estudar.

 

Questões de interpretação e análise crítica

1. (Inferência e interpretação de texto)
No trecho “Assim, o médico começou a prender pessoas na rua e trazê-las para o asilo, mesmo que elas não estivessem doentes”, a atitude de Simão Bacamarte pode ser interpretada como uma crítica:

(A) à falta de conhecimento científico da época.
(B) à arbitrariedade do poder e à imposição de autoridade sem critérios claros.
(C) ao despreparo dos médicos em lidar com doenças mentais.
(D) à resistência da população em aceitar tratamentos médicos modernos.

 

2. (Relação entre partes do texto)
O que justifica a mudança no critério de sanidade estabelecido por Simão Bacamarte ao longo da narrativa?

(A) A evolução dos seus estudos e a constatação de que todos possuem algum grau de insanidade.
(B) A influência dos moradores da cidade, que exigiram mudanças no tratamento dos doentes.
(C) A necessidade de manter o asilo funcionando por motivos econômicos.
(D) O desejo de se tornar uma figura de poder e influência na cidade.

 

3. (Estratégia argumentativa e ironia)
O desfecho da história, no qual Bacamarte se considera o único são e se interna no asilo, é uma estratégia narrativa que reforça:

(A) a previsibilidade do comportamento humano diante de situações de poder.
(B) a ironia presente na obra machadiana e a crítica aos excessos do cientificismo.
(C) a possibilidade de encontrar um método infalível para classificar a loucura.
(D) a eficiência dos tratamentos aplicados no asilo ao longo do tempo.

 

4. (Análise do contexto histórico e filosófico)
A postura de Simão Bacamarte reflete ideias associadas a qual movimento intelectual do século XIX?

(A) Racionalismo cartesiano.
(B) Positivismo, com sua ênfase na ciência como forma de progresso.
(C) Romantismo, focado na emoção e no individualismo.
(D) Pessimismo filosófico, que critica o progresso da humanidade.

 

5. (Interpretação do foco narrativo e do tom da obra)
O tom do conto “O Alienista” pode ser descrito predominantemente como:

(A) Trágico e melancólico, destacando o sofrimento dos internados.
(B) Didático e educativo, explicando os avanços da psiquiatria.
(C) Sarcástico e irônico, satirizando o excesso de racionalidade científica.
(D) Dramático e sentimental, exaltando os conflitos do protagonista.

 

Questões de estrutura e estilo

6. (Gênero e estrutura do conto)
O conto "O Alienista" pode ser classificado como uma narrativa de caráter:

(A) Naturalista, pois apresenta uma análise científica do comportamento humano.
(B) Surrealista, por apresentar situações impossíveis na realidade.
(C) Paródico, pois distorce intencionalmente a lógica da ciência para fins cômicos.
(
D) Realista, pois utiliza ironia e crítica social para representar a sociedade.

 

7. (Figuras de linguagem e ironia machadiana)
O trecho “Simão Bacamarte havia se tornado o louco que queria estudar” exemplifica o uso da:

(A) Hipérbole, para exagerar a loucura do médico.
(B) Metáfora, comparando Bacamarte com um prisioneiro da própria ciência.
(C) Ironia, ao inverter a lógica do cientificismo exagerado.
(D) Antítese, por contrastar loucura e sanidade de forma absoluta.

 

Questões sobre personagens e suas funções na narrativa

8. (Caracterização do protagonista)
A obsessão de Simão Bacamarte pelo estudo da loucura pode ser vista como uma metáfora para:

(A) A busca incansável pelo conhecimento e seus limites.
(B) A necessidade de um líder para organizar a sociedade.
(C) A importância da medicina no controle populacional.
(D) A valorização da razão como única forma de entender o mundo.

 

9. (Conflito principal da narrativa)
Qual é o principal conflito no conto "O Alienista"?

(A) A dificuldade de Simão Bacamarte em classificar corretamente a loucura.
(B) O embate entre o conhecimento científico e os costumes da sociedade.
(C) A resistência dos moradores em aceitar novas práticas médicas.
(D) O conflito entre médicos e governantes pelo controle do asilo.

 

10. (Final da narrativa e sua mensagem central)
O desfecho do conto sugere uma reflexão sobre:

(A) A impossibilidade de definir a loucura com critérios absolutos.
(B) A importância da psiquiatria para o progresso da humanidade.
(C) A falta de ética na medicina do século XIX.
(D) O fracasso das tentativas científicas de reformar a sociedade.

 

Questões Abertas – "O Alienista"

1. (Interpretação e Crítica Social)
No conto, Simão Bacamarte começa a internar cada vez mais pessoas no asilo, até que apenas os considerados completamente sãos permanecem presos. O que essa inversão da lógica da loucura e da sanidade sugere sobre a visão de Machado de Assis a respeito do poder e da ciência?

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2. (Análise da Ironia Machadiana)
Machado de Assis é conhecido por seu uso da ironia. Como o trecho final do conto (“Simão Bacamarte havia se tornado o louco que queria estudar”) representa essa estratégia literária? Explique com base no contexto da narrativa.

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3. (Contexto Histórico e Filosófico)
O conto "O Alienista" foi escrito no século XIX, um período de valorização da ciência e do positivismo. De que forma a obra pode ser vista como uma crítica ao excesso de confiança na ciência e na razão?

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4. (Personagem e Motivação)
Simão Bacamarte se dedica à ciência com total compromisso e rigor. No entanto, suas ações acabam prejudicando a população de Itaguaí. Você considera que ele é um personagem vilão ou apenas um cientista mal compreendido? Justifique sua resposta com elementos do texto.

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5. (Comparação com a Atualidade)
Na sociedade atual, ainda há debates sobre os limites da ciência e da ética na medicina e na psicologia. Você consegue relacionar as atitudes de Simão Bacamarte com situações contemporâneas, como internações forçadas, diagnósticos excessivos ou uso abusivo da psiquiatria? Explique sua resposta com um exemplo atual.

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Questão Argumentativa:

No conto "O Alienista", Machado de Assis questiona os limites entre sanidade e loucura, além de criticar a autoridade da ciência quando usada sem reflexão ética. Considerando esse contexto, você acredita que a ciência deve ter poder ilimitado para decidir o que é "normal" ou "anormal" na sociedade?

Escreva parágrafo texto argumentativo defendendo seu ponto de vista. Utilize exemplos do conto e, se possível, relacione com situações da atualidade para embasar sua resposta.

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Gabarito – Questões Abertas

1. (Interpretação e Crítica Social)
A inversão da lógica da loucura e da sanidade no conto sugere uma crítica ao abuso de poder e à autoridade desmedida. Machado de Assis satiriza a forma como a ciência pode ser usada como instrumento de opressão, quando aplicada sem critérios éticos. Além disso, a obra questiona os limites entre razão e insanidade, mostrando que a busca obsessiva pela verdade pode levar ao próprio desequilíbrio.


2. (Análise da Ironia Machadiana)
O trecho final do conto representa ironia porque inverte a situação inicial: Simão Bacamarte, que internava os outros com base em critérios próprios, acaba se reconhecendo como o único verdadeiramente são e, por isso, se interna voluntariamente. Essa situação absurda critica o cientificismo exagerado e sugere que a definição de loucura é relativa e subjetiva.


3. (Contexto Histórico e Filosófico)
No século XIX, o positivismo defendia que a ciência poderia solucionar todos os problemas da sociedade. Machado de Assis, por meio do conto, faz uma crítica a essa visão excessivamente racionalista, mostrando que o conhecimento científico, quando aplicado sem sensibilidade e sem questionamento ético, pode ser tão prejudicial quanto a ignorância. O conto demonstra que a obsessão pelo controle absoluto pode resultar em injustiças e absurdos.


4. (Personagem e Motivação)
A interpretação sobre Simão Bacamarte pode variar. Ele pode ser visto como um vilão, pois usa sua posição de médico para exercer poder sobre a população, internando pessoas arbitrariamente. No entanto, também pode ser interpretado como um cientista obcecado pelo conhecimento, sem perceber as consequências de suas ações. Essa ambiguidade faz parte da ironia do conto e permite diferentes leituras.


5. (Comparação com a Atualidade)
A história de Simão Bacamarte pode ser relacionada a debates contemporâneos sobre internações forçadas, diagnósticos excessivos e o uso abusivo da psiquiatria. Um exemplo atual é a discussão sobre o aumento dos diagnósticos de transtornos mentais e o uso indiscriminado de medicamentos psiquiátricos, muitas vezes sem necessidade. Além disso, há casos de hospitais psiquiátricos que mantêm pacientes internados por longos períodos sem justificativa adequada. Assim como no conto, a linha entre sanidade e loucura ainda é debatida.

 

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