Círculo de Leitura
Gênero textual poema
O que é soneto? Soneto
é um poema de forma fixa, composto por catorze versos, dos quais dois são
quartetos (conjunto de quatro versos) e dois tercetos (conjunto de três
versos).
Soneto é como chamamos um poema de 14 versos. Essa forma fixa foi criada pelo poeta
italiano Giacomo da Lentini, no século XIII, e foi popularizada por outro poeta
italiano — Francesco Petrarca. Assim, o soneto petrarquiano é aquele cujas duas
primeiras estrofes são quartetos e as duas últimas, tercetos.
Na Inglaterra, o soneto
assumiu uma nova forma, usada pelo famoso poeta e dramaturgo William
Shakespeare. Desse modo, o soneto shakespeariano é aquele com três quartetos
seguidos por um dístico. Também existem o soneto monostrófico, com apenas uma
estrofe, e o estrambótico, com até três versos a mais. A palavra soneto, do
italiano sonetto, significa "pequeno som" ao referir-se à
sonoridade produzida pelos versos.
Tipos de
Soneto
Conforme a sua composição,
os tipos de soneto são: petrarquiano, inglês, monostrófico e estrambótico.
Soneto petrarquiano ou
regular: catorze
versos distribuídos em dois quartetos (conjunto de quatro versos) e dois
tercetos (conjunto de três versos). É o mais utilizado.
Soneto inglês: catorze versos distribuídos em
três quartetos (estrofes de quatro versos) e um dístico (estrofe de dois
versos). Foi criado por Willian Shakespeare (1564-1616).
Soneto monostrófico: catorze versos distribuídos em uma
única estrofe.
Soneto estrambótico: catorze versos mais versos extras.
Leitura 01 -
SONETO
DE FIDELIDADE
De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
Vinicius de Moraes
Biografia
de Vinicius de Moraes
Vinicius
de Moraes (1913-1980) foi um poeta e um dos maiores compositores da música
popular brasileira, além de ter sido um dos fundadores da Bossa Nova - um
movimento musical surgido nos anos 50. Foi também dramaturgo e diplomata.
Entre os seus maiores sucessos
está "Garota de Ipanema" que teve a letra escrita por Vinicius e
a canção composta por Tom Jobim, em 1962 Marcus Vinicius Melo Morais, conhecido
como Vinicius de Moraes, nasceu no Rio de Janeiro, no dia 19 de outubro de
1913. Filho do funcionário público e poeta Clodoaldo Pereira da Silva e da
pianista Lídia Cruz, desde cedo já mostrava interesse por poesia.
Ingressou no colégio
jesuíta Santo Inácio, onde fez os estudos secundários. Entrou para o coral
da igreja, época em que desenvolveu suas habilidades com a música. Em 1928
começou a fazer as primeiras composições musicais. Em 1929, Vinicius iniciou o
curso de Direito da Faculdade Nacional do Rio de Janeiro. Em 1933, ano de sua
formatura, publicou seu primeiro livro de poemas intitulado O
Caminho Para a Distância. Nessa época, já era amigo dos poetas Manuel Bandeira, Mário de Andrade e Oswald de Andrade.
Trabalhou como representante
do Ministério da Educação na censura cinematográfica, até 1938, quando recebeu
uma bolsa de estudos e seguiu para Londres, onde cursou Literatura Inglesa
na Universidade de Oxford. Trabalhou na
BBC londrina até 1939. Em 1940, de volta ao Brasil, iniciou a carreira
jornalística no jornal “A Manhã”, escrevendo uma coluna como crítico de cinema.
Interpretação e Compreensão do
Texto
1.Qual é a
ideia central do poema "Soneto de Fidelidade"? O poema fala
sobre a intensidade e entrega no amor. O eu lírico expressa o desejo de amar
plenamente, com dedicação e fidelidade, mesmo sabendo que o amor pode não ser
eterno.
2. Como o eu
lírico expressa seu amor ao longo do poema? Ele demonstra zelo e atenção ao amado, quer viver cada
momento com intensidade, compartilhando alegrias e tristezas. Além disso,
deseja que, quando o amor acabar, possa dizer que viveu esse sentimento de
forma plena.
3. O poema é um
soneto. Quais são as características desse tipo de texto e como elas aparecem
no poema? O
soneto é um poema composto por 14 versos organizados em dois
quartetos e dois tercetos. O poema segue essa estrutura e apresenta um tom
reflexivo e emocional, típico da poesia lírica.
4. Vinicius de
Moraes usa a metáfora "Que não seja imortal, posto que é chama". O
que essa comparação sugere sobre o amor?
A metáfora compara o amor a uma chama, indicando
que ele pode ser intenso, mas também passageiro. O eu lírico reconhece que o
amor não precisa durar para sempre, mas deve ser vivido com plenitude enquanto
existir.
5. O que você
entende pelo verso "Mas que seja infinito enquanto dure"? Como essa
ideia se aplica às relações humanas? O verso sugere que
o amor deve ser vivido com total intensidade e entrega, sem se preocupar com
sua duração. Aplicado às relações humanas, significa aproveitar os momentos
especiais ao máximo, sem se apegar à ideia de permanência.
6. Na sua
opinião, é possível viver um amor com tanta intensidade como o descrito no
poema? Justifique sua resposta. Resposta pessoal do aluno. Pode incluir argumentos sobre o
romantismo do poema, experiências pessoais, ou a ideia de que o amor, embora
passageiro, pode ser vivido intensamente.
7. O que o eu
lírico quer dizer quando afirma que será “atento, antes, e com tal zelo” ao seu
amor? Ele quer dizer que dedicará total atenção e
cuidado ao seu amor, demonstrando fidelidade e intensidade no sentimento.
8. O poema
apresenta um paradoxo no verso "Que não seja imortal, posto que é chama,
mas que seja infinito enquanto dure." Explique esse paradoxo e seu
significado. O paradoxo está na ideia de algo infinito,
mas que tem duração limitada. O poeta sugere que o amor pode não ser
eterno, mas deve ser vivido com intensidade, como se fosse infinito enquanto
existir.
9. O poema foi
escrito há muitas décadas. Você acha que essa visão sobre o amor ainda se
aplica aos dias de hoje? Explique sua opinião. Resposta pessoal.
Alguns podem dizer que o amor ainda é vivido com intensidade, enquanto outros
podem argumentar que as relações mudaram com o tempo.
10. Qual verso
do poema mais chamou sua atenção? Explique o motivo. Resposta
pessoal. O aluno pode escolher um verso que lhe transmitiu uma emoção ou uma
ideia marcante.
Leitura 02 –
Versos
Íntimos
Vês!
Ninguém assistiu ao formidável
Enterro de tua última quimera.
Somente a Ingratidão – esta pantera –
Foi tua companheira inseparável!
Acostuma-te à lama que te espera!
O Homem, que, nesta terra miserável,
Mora entre feras, sente inevitável
Necessidade de também ser fera.
Toma um fósforo. Acende teu cigarro!
O beijo, amigo, é a véspera do escarro,
A mão que afaga é a mesma que apedreja.
Se a alguém causa inda pena a tua chaga,
Apedreja essa mão vil que te afaga,
Escarra nessa boca que te beija!
Augusto
dos Anjos
Biografia
de Augusto dos Anjos
Augusto dos Anjos
(1884-1914) foi um poeta brasileiro, considerado um dos poetas mais
críticos de sua época. Foi identificado como o mais importante poeta do
Pré-modernismo, embora revele em sua poesia, raízes do Simbolismo, retratando o
gosto pela morte, a angústia e o uso de metáforas.
Declarou-se "Cantor da poesia de
tudo que é morto". Durante muito tempo foi ignorado pela crítica, que
julgou seu vocabulário mórbido e vulgar. Sua obra poética está resumida em
um único livro "EU", publicado em 1912, e reeditado com o nome
"Eu e Outros Poemas".
Augusto de Carvalho Rodrigues dos
Anjos, conhecido como Augusto dos Anjos, nasceu no engenho "Pau
d'Arco", na Paraíba, no dia 22 de abril de 1884. Era filho de Alexandre
Rodrigues dos Anjos e de Córdula de Carvalho Rodrigues dos Anjos. Recebeu do
pai, formado em Direito, as primeiras instruções. No ano de
1900 ingressou no Liceu Paraibano e nessa época compôs seu primeiro
soneto, "Saudade".
Augusto dos Anjos estudou na
Faculdade de Direito do Recife entre 1903 e 1907. Formado em
Direito retornou para João Pessoa, capital da Paraíba, onde
passou a lecionar Literatura Brasileira, em aulas particulares. Em 1908,
Augusto dos Anjos foi nomeado para o cargo de professor do Liceu Paraibano, mas
em 1910 foi afastado da função por se desentender com o governador.
Nesse mesmo ano casou-se com Ester Fialho e mudou-se para o Rio de
Janeiro depois que sua família vendeu o engenho Pau d'Arco.
No Rio de Janeiro, Augusto dos
Anjos lecionou literatura em diversos cursinhos. Lecionou Geografia na Escola
Normal, depois, no Instituto de Educação e no Ginásio Nacional. Em 1911
foi nomeado professor de Geografia no Colégio Pedro II. Durante esse
período publicou vários poemas em jornais e periódicos. Em 1912, Augusto
dos Anjos publicou seu único livro, "EU", com 58 poemas, que chocou
pela agressividade do vocabulário e por sua obsessão pela morte.
Integram à sua linguagem termos considerados antipoéticos, como
"podridão da carne”, “cadáveres fétidos” e “vermes famintos". Como
também por sua retórica delirante, por vezes criativa, por vezes absurdas.
Questões
abertas
- Qual é o tom predominante do poema?
Justifique sua resposta com base nos versos.
Gabarito:
O tom do poema é pessimista e amargo. O eu lírico expressa uma visão negativa
da vida, destacando a ingratidão, a dureza da existência e a hipocrisia das
relações humanas. Palavras como "lama", "escarrar" e
"apedreja" reforçam essa visão sombria.
- Que figura de linguagem está
presente na expressão “a mão que afaga é a mesma que apedreja”? Explique
seu significado no contexto do poema.
Gabarito:
A frase contém uma antítese, pois contrapõe duas ações opostas – afagar
(acariciar) e apedrejar (agredir). No contexto do poema, a antítese sugere a
falsidade das relações humanas, indicando que aqueles que demonstram carinho
podem, na verdade, trair e causar dor.
- Qual a visão do eu lírico sobre a
natureza humana? Justifique sua resposta.
Gabarito:
O eu lírico tem uma visão cética e negativa da natureza humana. Ele acredita
que o ser humano, vivendo em um mundo cruel e ingrato, torna-se também cruel
para sobreviver. Isso é evidenciado nos versos "O Homem, que, nesta terra
miserável, / Mora entre feras, sente inevitável / Necessidade de também ser
fera."
- O que significa a metáfora “Vês!
Ninguém assistiu ao formidável Enterro de tua última quimera.”?
Gabarito:
A metáfora indica o fim das ilusões e esperanças do eu lírico. O termo
"última quimera" representa um sonho ou ideal que foi destruído, e o
"enterro" simboliza o fim definitivo dessas ilusões.
- Qual o efeito causado pelo uso de
palavras como "ingratidão", "pantera",
"escarrar" e "apedreja" no poema?
Gabarito:
O uso dessas palavras reforça o tom duro e pessimista do poema, transmitindo
uma sensação de frieza, violência e desencanto em relação à vida e às relações
humanas.
- No verso "Toma um fósforo.
Acende teu cigarro!", qual é o possível significado desse conselho
dado pelo eu lírico?
Gabarito:
O verso sugere resignação e conformismo diante da dureza da vida. O cigarro
pode simbolizar um momento de reflexão ou uma forma de lidar com o sofrimento
inevitável.
7. O poema fala sobre a dureza da vida e a
necessidade de se acostumar a ela. Você acha que é melhor se conformar com os
desafios da vida ou lutar para mudar as situações difíceis? Justifique.
8. Se você pudesse responder ao eu
lírico, que conselho daria a ele para enxergar a vida de outra maneira?
9. O poema sugere que o sofrimento e a ingratidão fazem parte da
experiência humana. O que você faz para lidar com momentos difíceis ou pessoas
ingratas?
10. Você acha que a poesia pode
ajudar as pessoas a expressarem seus sentimentos e lidarem com suas emoções?
Você já usou a escrita ou outra arte para expressar seus sentimentos?
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