quinta-feira, 3 de julho de 2025

Círculo de Leitura

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Gênero notícia

 

Notícia é um gênero textual jornalístico e não literário que está presente em nosso dia a dia, sendo encontrada principalmente nos meios de comunicação.

Trata-se de um texto informativo sobre um tema atual ou algum acontecimento real, veiculada pelos principais meios de comunicação: jornais, revistas, meios televisivos, rádio, internet, dentre outros. As notícias podem ser textos descritivos e narrativos ao mesmo tempo, apresentando tempo, espaço e as personagens envolvidas.

 

Características da notícia

As principais características do gênero textual notícia são:


·    Texto de cunho informativo

·    Textos descritivos e/ou narrativos

·    Textos relativamente curtos

·    Veiculado nos meios de comunicação

·    Linguagem formal, clara e objetiva

·    Textos com títulos (principal e auxiliar)

·    Textos em terceira pessoa (impessoais)

·    Discurso indireto

·    Fatos reais, atuais e cotidianos


                              

                                     Estrutura e exemplo de notícia

Geralmente as notícias seguem uma estrutura básica classificada em:

 

Título principal e título auxiliar

A notícia é formada por dois títulos.

O título principal, também chamado de Manchete, sintetiza o tema que será abordado. O outro título, um pouco maior, auxilia o entendimento do título principal, ou seja, é um recorte do assunto que será explorado.

Exemplo:

Olimpíadas Rio 2016 (Título principal)

Jogos Olímpicos e Paralímpicos de 2016 (Título auxiliar)

 

Lide: Na linguagem jornalística, a Lide corresponde à introdução da notícia. Trata-se do primeiro parágrafo, que responderá as perguntas: O Quê? Quem? Quando? Onde? Como? Por quê?

Trata-se de um parágrafo em que todas as informações que estarão contidas na notícia deverão aparecer. É uma ferramenta muito importante, visto que desperta a atenção do leitor para a leitura da notícia.

 

Diferença entre notícia e reportagem

 

Ainda que a notícia e a reportagem sejam textos jornalísticos, a notícia se difere da reportagem na medida em que é um texto informativo e impessoal, sem teor opinativo, o que é característico das reportagens.Além disso, as notícias não são textos assinados pelo autor, enquanto as reportagens apresentam o nome do repórter.

Vale lembrar que a notícia apresenta um tema atual, de modo inteiramente informativo. Enquanto isso, a reportagem aprofunda-se mais sobre os temas sociais e de interesse da sociedade, apresentando as opiniões do autor.

NOTÍCIA: O CASAL, A MORTE E O JOGGING

"Indiferença Cotidiana: Quando a Vida se Torna Cenário"

        Este poderia ser o título da foto publicada no JB de quinta-feira, dia 122 de dezembro, página 26, Cidade Estarrecedora imagem. Reveladora da pouca importância dada à vida e à morte no mundo em que vivemos. Paulo [...] foi atropelado e morto em cima do calçadão da Avenida Senambetiba. Eram três e quinze da tarde. O responsável pelo acidente, Renan [...], tentou fugir, segundo o relato de transeuntes. Não conseguiu porque a roda de sua Parati ficou travada. Renan declarou que o atropelamento, seguindo de morte, do engenheiro Paulo, foi uma fatalidade. Seu carro teria sido fechado por um ônibus que o empurrou para o calçadão. Tendo sido assim, por que tentar fugir?

        Eram seis horas da tarde e o corpo de Paulo continuava lá. Coberto por um plástico que alguém, certamente algum tipo de ser humano em extinção, teve a compaixão de estender para proteger a exposição do corpo, morto e machucado. A matéria do jornal não explica. Por que Paulo, além de ter sido roubado de sua vida ao ir buscar cigarros com sabor de canela num quiosque conhecido, ficou ali exposto à visitação pública durante quase três horas? Por que, além da vida, roubaram também a Paulo o direito de ser socorrido e, morto, de ser levado dali, onde tornou-se um objeto de curiosidade dos passantes? Adriana Calcanhoto, no seu CD Senhas, na canção “Milagres/misérias”, diz: “E eu pergunto e acho que precisaríamos perguntar em coro: que mundo é este?” Que mundo é este em que estão se transformando as pessoas que conseguem conversar naturalmente diante de um morto, como se nada estivesse acontecendo?

        Conseguem continuar a sua corrida sem pensar que na frente, ao lado, havia um homem morto? Na minha infância me lembro que, quando morria algum cachorro atropelado, a primeira preocupação era a de enterrar o bicho morto. Preocupação de crianças. De um outro tempo. Não tão longínquo assim. Escrevo para falar publicamente do meu choque, da minha indignação, por um lado. E, por outro lado, de minha vergonha, da minha tristeza enquanto cidadã deste país, moradora desta cidade onde tanta beleza tem se contrastado com tanta feiura. Dia 11 foi Paulo. Amanhã pode ser qualquer um de nós. Dá para viver assim?            Jornal do Brasil, Rio de Janeiro, 21 dez. 1996, Caderno Ideias, p. 6.

Entendendo a notícia:

01 – Qual é o evento central relatado na notícia?

      A notícia relata o atropelamento e a morte de Paulo, um engenheiro, no calçadão da Avenida Senambetiba, no Rio de Janeiro.

02 – Quais são os detalhes sobre o responsável pelo acidente?

      O responsável pelo acidente é Renan, que tentou fugir do local, mas foi impedido pela roda travada de seu carro. Ele alegou que o atropelamento foi uma fatalidade, causada por um ônibus que o teria empurrado para o calçadão.

03 – Qual é a crítica principal feita pela autora da notícia?

      A autora critica a indiferença das pessoas diante da morte, destacando o fato de que o corpo de Paulo permaneceu no local por quase três horas, coberto apenas por um plástico, enquanto as pessoas continuavam suas atividades normalmente.

04 – Como a autora expressa seu choque e indignação?

      A autora utiliza uma linguagem forte e emotiva para expressar seu choque e indignação, questionando a falta de compaixão e respeito pela vida e pela morte. Ela também expressa vergonha como cidadã diante da situação.

05 – Qual é a reflexão da autora sobre a mudança no comportamento das pessoas?

      A autora compara o comportamento atual das pessoas com o de sua infância, quando a preocupação era enterrar até mesmo um cachorro atropelado. Ela lamenta a aparente perda de sensibilidade e empatia na sociedade contemporânea.

06 – Qual a relação da citação de Adriana Calcanhoto para o texto?

      A citação da música "Milagres/misérias" de Adriana Calcanhoto, é utilizado para reforçar o sentimento de descrença e questionamento da autora em relação ao mundo em que vivemos.

07 – Qual é a mensagem final da autora da notícia?

      A mensagem final da autora é um alerta sobre a fragilidade da vida e a necessidade de reflexão sobre os valores da sociedade. Ela questiona se é possível viver em um mundo onde a morte é tratada com tanta indiferença

 

Sugestões

Para Casa – Atividade de Preparação para Debate

Tarefa: Pesquise e traga para a próxima aula uma manchete de notícia impactante, que aborde algum tema relevante para a sociedade atual (como violência, indiferença social, acidentes, descaso público, direitos humanos, etc.).

 

Objetivo: Refletir, a partir da manchete escolhida, sobre como a sociedade reage a situações de dor, injustiça ou negligência – assim como discutimos no texto “O casal, a morte e o jogging”, de Claudia Corbisier.

 

Na próxima aula: Vamos compartilhar, comparar e debater essas manchetes, buscando entender o que elas revelam sobre o mundo em que vivemos e o nosso papel como cidadãos.

Dica: Você pode encontrar manchetes em sites de jornais, revistas ou portais de notícias confiáveis. Escolha uma que tenha te tocado de alguma forma — seja pelo absurdo, pela injustiça ou pela reflexão que provocou.

 

Debate ou roda de conversa

    • “A banalização da morte na sociedade contemporânea.”
    • “A indiferença humana diante da dor alheia.”
    • “O papel do cidadão diante da violência urbana.”
    • “Sensibilidade em tempos de insensibilidade.”
  • Tema: “Empatia e humanidade nas grandes cidades: estamos perdendo isso?”
  • Estimule a turma a refletir sobre situações semelhantes em suas comunidades.
  • Pode-se dividir a turma entre "defensores da sociedade contemporânea" e "críticos da insensibilidade atual" para um debate dialético.
  •  

Carta aberta à sociedade:

Tema:   “Por um mundo mais humano: carta à indiferença.”

Proposta: Escreva uma carta aberta em tom de protesto e reflexão, expressando indignação com a frieza das pessoas diante de tragédias humanas. A carta deve ser direcionada à sociedade como um todo, buscando sensibilizar o leitor.

 

4. Relato pessoal ou ficcional:

Tema:  “Eu estava lá”

Proposta: Escreva um texto em primeira pessoa, como se você fosse uma testemunha do atropelamento de Paulo ou de uma situação semelhante. Relate os sentimentos, o cenário e as reações das pessoas ao redor. Finalize com uma reflexão crítica.

 

5. Texto opinativo / artigo de opinião:

Tema: “O preço da pressa: reflexões sobre o comportamento urbano.”

Proposta: A partir do texto base, produza um artigo de opinião discutindo como o ritmo acelerado da vida nas cidades pode nos tornar insensíveis à dor alheia e às tragédias cotidianas. Use argumentos consistentes e exemplos reais.

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