APOSTILA DOS DESCRITORES
D1 ––––––––– QUESTÃO 01 –––––––––––
Leia o texto abaixo: Como
opera a máfia que transformou o Brasil num dos campeões da fraude de
medicamentos
É um dos piores
crimes que se podem cometer. As vítimas são homens, mulheres e crianças doentes
— presas fáceis, capturadas na esperança de recuperar a saúde perdida. A máfia
dos medicamentos falsos é mais cruel do que as quadrilhas de narcotraficantes.
Quando alguém decide cheirar cocaína, tem absoluta consciência do que coloca
no corpo adentro. Às vítimas dos que falsificam remédios não é dada
oportunidade de escolha. Para o doente, o remédio é compulsório. Ou ele toma o
que o médico lhe receitou ou passará a correr risco de piorar ou até morrer.
Nunca como hoje os brasileiros entraram numa farmácia com tanta reserva.
PASTORE, Karina. O Paraíso dos Remédios
Falsificados. Veja, nº 27. São Paulo: Abril, 8 jul. 1998, p. 40-41.
Segundo
a autora, “um dos piores crimes que se podem cometer” é:
(A) a venda de
narcóticos.(B) a falsificação dos remédios. (C)
a receita de remédios falsos. (D) a venda abusiva de remédios.
D3 ––––––––––– QUESTÃO 02 –––––––––––
Leia o texto abaixo: Realidade com muita fantasia
Nascido em 1937, o
gaúcho Moacyr Scliar é um homem versátil: médico e escritor, igualmente
atuante nas duas áreas. Dono de uma obra literária extensa, é ainda um biógrafo
de mão cheia e colaborador assíduo de diversos jornais brasileiros. Seus livros
para jovens e adultos são sucesso de público e de crítica e alguns já foram
publicados no exterior.
Muito atento às
situações-limite que desagradam à vida humana, Scliar combina em seus textos
indícios de uma realidade bastante concreta com cenas absolutamente
fantásticas. A convivência entre realismo e fantasia é harmoniosa e dela nascem
os desfechos surpreendentes das histórias.
Em sua obra, são freqüentes questões de identidade judaica, do cotidiano
da medicina e do mundo da mídia, como, por exemplo, acontece no conto “O dia em
que matamos James Cagney”.Para Gostar de Ler, volume 27.
Histórias sobre Ética. Ática, 1999.
A expressão sublinhada em “é ainda um
biógrafo de mão cheia” (ℓ. 2) e (ℓ. 3) significa que Scliar é
(A) crítico e detalhista. (B) criativo e inconsequente. C) habilidoso e talentoso. (D) inteligente e ultrapassado.
D4 –––––––––– QUESTÃO 03 –––––––––
O texto conta a história de um homem
que “entrou pelo cano”. O Homem que entrou pelo cano
Abriu
a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo.
Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali
ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava
em torneira.
Vários
dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era
interessante. No primeiro desvio,
entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então percebeu que as
engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água
límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada.
Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”. Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A
menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto. BRANDÃO,
Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.
O conto cria uma
expectativa no leitor pela situação incomum criada pelo enredo. O resultado não
foi o esperado porque:
(A) a menina agiu
como se fosse um fato normal. (B) o
homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.
(C) as engrenagens
da tubulação não funcionaram. (D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo fato.
D6 ––––––––– QUESTÃO 04 ––––––––––
Leia o texto abaixo: O ouro da biotecnologia
Até os bebês sabem que
o patrimônio natural do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e
a Mata Atlântica - ou o que restou dela - são invejadas no mundo todo por sua
biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da caatinga têm
mais riqueza de fauna e flora do que se costuma pensar. A quantidade de água
doce, madeira, minérios e outros bens naturais é amplamente citada nas escolas,
nos jornais e nas conversas. O problema é que tal exaltação ufanista
(“Abençoado por Deus e bonito por natureza”) é diretamente proporcional à
desatenção e ao desconhecimento que ainda vigoram sobre essas riquezas.
Estamos entrando numa
era em que, muito mais do que nos tempos coloniais (quando pau-brasil, ouro,
borracha etc. eram levados em estado bruto para a Europa), a exploração
comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento. Essa revolução
tem um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo, deixará em breve
de ser uma enorme fonte “potencial” de alimentos, cosméticos, remédios e outros
subprodutos: ela o será de fato - e de forma sustentável. Outro exemplo: os
créditos de carbono, que terão de ser comprados do Brasil por países que poluem
mais do que podem, poderão significar forte entrada de divisas.
Com sua pesquisa
científica carente, idefinição quanto à legislação e dificuldades nas questões
de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural em
riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupuaçu, já foram
registrados por estrangeiros - que nos obrigarão a pagar pelo uso de um bem
original daqui, caso queiramos (e saibamos) produzir algo em escala com ele.
Além disso, a biopirataria segue crescente. Até mesmo os índios deixam que
plantas e animais sejam levados ilegalmente para o exterior, onde provavelmente
serão vendidos a peso de ouro. Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a
nova realidade econômica global, ou continuará perdendo dinheiro como fruta no
chão. Uma frase que resume a ideia principal do texto é:
(A) A Amazônia
deixará de ser fonte potencial de alimentos.
(B) O Brasil não transforma riqueza natural em
financeira.
(C) Os Índios
deixam animais e plantas serem levados. (D)
Os estrangeiros registraram diversos produtos.
D14 –––––––– QUESTÃO 05 –––––––––––
Leia o texto abaixo:
As enchentes de minha infância
Sim, nossa casa era
muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que
moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa
dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa
tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio. Quando começavam as chuvas a
gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As
águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às
bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no
meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.
Então vinham todos
dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar
camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas
ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde
da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me
lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a
favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da
cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma
traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia
que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas
cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer,
queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.BRAGA, Rubem.
Ai de ti, Copacabana. 3. ed.Rio de Janeiro: Editora do
Autor, 1962. p. 157.
A expressão que
revela uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa casa” (ℓ.
10), é
(A) “Às vezes chegava alguém a cavalo...” (B) “E às vezes o rio atravessava a rua...”
(C) “e se tomava café tarde da noite!” (D) “Isso para nós era uma festa...”
D5 –––––––––– QUESTÃO 06 ––––––––––
Leia
o texto abaixo:
A
atitude de Romeu em relação a Dalila revela:
(A) compaixão. (B) companheirismo. (C) insensibilidade. (D) revolta.
D12 –––––––– QUESTÃO 07 –––––––––––
Leia o texto abaixo:
A antiga Roma ressurge em cada
detalhe
Dos 20.000 habitantes de Pompéia, só dois escaparam da
fulminante erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Varrida do mapa
em horas, a cidade só foi encontrada em 1748, debaixo de
A profusão de dados sobre a cidade permitiu ao Laboratório de
Realidade Virtual Avançada da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos,
criar imagens minuciosas, com apoio do instituto Americano de Arqueologia.
Milhares de detalhes arquitetônicos tornaram-se visíveis. As imagens mostram
até que nas casas dos ricos se comia pão branco, de farinha de trigo, enquanto
na dos pobres comia-se pão preto, de centeio.
Outro megaprojeto, para ser concluído em 2020, da
Universidade da Califórnia, trata da restauração virtual da história de Roma,
desde os primeiros habitantes, no século XV a.C., até a decadência, no século
V. Guias turísticos virtuais conduzirão o visitante por paisagens animadas por
figurantes. Edifícios, monumentos, ruas, aquedutos, termas e sepulturas
desfilarão, interativamente. Será possível percorrer vinte séculos da história
num dia. E ver com os próprios olhos tudo aquilo que a literatura esforçou-se
para contar com palavras. Revista Superinteressante, dezembro de
1998, p. 63.
A finalidade
principal do texto é (A) convencer.(B)
relatar.(C) descrever. (D) informar.
D2 –––––––––– QUESTÃO 08 ––––––––––
Leia o texto abaixo:
A floresta do contrário
Todas
as florestas existem antes dos homens. Elas estão lá e então o homem chega, vai
destruindo, derruba as árvores, começa a construir prédios, casas, tudo com
muito tijolo e concreto. E poluição também. Mas nesta floresta aconteceu o contrário. O
que havia antes era uma cidade dos homens, dessas bem poluídas, feia, suja,
meio neurótica. Então as árvores foram
chegando, ocupando novamente o espaço, conseguiram expulsar toda aquela sujeira
e se instalaram no lugar. É o que se
poderia chamar de vingança da natureza – foi assim que terminou seu relato o
amigo beija-flor.
Por
isso ele estava tão feliz, beijocando todas as flores – aliás, um colibri bem
assanhado, passava flor por ali, ele já sapecava um beijão. Agora o Nan havia
entendido por que uma ou outra árvore tinha parede por dentro, e ele achou bem
melhor assim. Algumas árvores chegaram a engolir casas inteiras. Era um lugar
muito bonito, gostoso de se ficar. Só que o Nan não podia, precisava partir
sem demora. Foi se despedir do colibri, mas ele já estava namorando apertado a
uma outra florzinha, era melhor não atrapalhar.LIMA, Ricardo
da Cunha. Em busca do tesouro de Magritte. São Paulo: FTD, 1988.
No trecho
“Elas estão lá e então o homem chega,...” (ℓ. 2), a palavra destacada refere-se
a:
(A) flores.
(B) casas. (C) florestas. (D) árvores.
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D10 ––––––––––– QUESTÃO 01
––––––––––
Leia o
texto abaixo: O que dizem as camisetas
(Fragmento)
Apareceram
tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que
não tem nada escrito.
– Que é que ele está anunciando?
– indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda do voto em
branco? Devia ser proibido!
– O cidadão é livre de usar a
camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.
– Em tempo de eleição, nunca –
retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um
sabotador do processo de abertura democrática.
– O voto é secreto.
– É secreto, mas a camiseta não
é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua
responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e...
– Ah, pelo que vejo o amigo não
aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na
cor natural em que saiu da fábrica.
(...). DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de
Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.
O conflito em torno do qual se
desenvolveu a narrativa foi o fato de:
(A) alguém aparecer com
uma camiseta sem nenhuma inscrição. (B) muitas pessoas não assumirem
sua responsabilidade cívica.
(C) um senhor comentar que o cidadão
goza de total liberdade. (D) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do
voto, não é secreta.
D11 ––––––––––– QUESTÃO 02
––––––––––
Leia o
texto abaixo: A função
da arte
Diego não conhecia o mar. O pai,
Santiago Kovadloff, levou-o para que descobrisse o mar.
Viajaram para o Sul.
Ele, o mar, estava do outro lado
das dunas altas, esperando.
Quando o menino e o pai enfim
alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na
frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o
menino ficou mudo de beleza.
E quando finalmente conseguiu
falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:
– Me ajuda a olhar! GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Trad. Eric
Nepomuceno 5ª ed. Porto Alegre: Editora L & PM, 1997.
O menino ficou tremendo,
gaguejando porque
(A) a viagem foi longa. (B) as
dunas eram muito altas. (C) o mar era imenso e belo.
(D) o pai não o ajudou a ver o mar.
D15 –––––––––– QUESTÃO 03
––––––––––
Leia o texto abaixo:
Acho uma
boa ideia abrir as escolas no fim de semana, mas os alunos devem ser
supervisionados por alguém responsável pelos jogos ou qualquer opção de lazer
que se ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e participar de
atividades interessantes. Poderiam ser feitas gincanas, festas e até
churrascos dentro da escola.
(Juliana
Araújo e Souza) (Correio Braziliense, 10/02/2003,
Gabarito. p. 2.)
Em “A comunidade poderia
interagir e participar de atividades interessantes.” (ℓ. 5-6), a palavra
destacada indica:
(A) alternância. (B) oposição. (C) adição. (D) explicação.
D7 –––––––––– QUESTÃO 04
––––––––––
Leia o texto abaixo:
O mercúrio onipresente
(Fragmento)
Os
venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto
tudo o que é preciso para controlá-los, eles voltam a atacar. Quando removemos
o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando
toxinas e resíduos são enterrados em aterros sanitários, contaminam o lençol
freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar de todo o
seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas
quais o nível de contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...].
Mas o
mercúrio é famoso pela capacidade de passar despercebido. Uma série de estudos
recentes sugere que o metal potencialmente mortífero está em toda parte — e é
mais perigoso do que a maioria das pessoas acredita. Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006,
p.114-115.
A tese defendida no texto está
expressa no trecho:
(A) as substâncias tóxicas, em
aterros, contaminam o lençol freático. (B) o chumbo da gasolina ressurge com a
ação do tempo.
(C) o mercúrio apresenta alto
teor de periculosidade para a natureza. (D) o total
controle dos venenos ambientais é impossível.
D8 ––––––––––– QUESTÃO 05
––––––––––
Leia o
texto abaixo: Os filhos
podem dormir com os pais?
(Fragmento)
Maria Tereza – Se é eventual,
tudo bem. Quando é sistemático, prejudica a intimidade do casal. De qualquer
forma, é importante perceber as motivações subjacentes ao pedido e descobrir
outras maneiras aceitáveis de atendê-las. Por vezes, a criança está com medo,
insegura, ou sente que tem poucas oportunidades de contato com os pais. Podem
ser criados recursos próprios para lidar com seus medos e inseguranças, fazendo
ela se sentir mais competente.
Posternak – Este hábito é bem frequente.
Tem a ver com comodismo – é mais rápido atender ao pedido dos filhos que
agüentar birra no meio da madrugada; e com culpa – “coitadinho, eu saio quando
ainda dorme e volto quando já está dormindo”. O que falta são limites claros e
concretos. A criança que “sacaneia” os pais para dormir também o faz para
comer, escolher roupa ou aceitar as saídas familiares. ISTOÉ, setembro de 2003 -1772.
O
argumento usado para mostrar que os pais agem por comodismo encontra-se na
alternativa:
(A)
a birra na madrugada é pior. (B) a criança tem motivações subjacentes.
(C) o
fato é muitas vezes eventual. (D) os
limites estão claros.
D9 ––––––––––– QUESTÃO 06
–––––––––––
Leia o
texto abaixo: Necessidade de alegria
O ator que fazia o papel de
Cristo no espetáculo de Nova Jerusalém ficou tão compenetrado da magnitude da
tarefa que, de ano para ano, mais exigia de si mesmo, tanto na representação
como na vida rotineira.
Não que pretendesse copiar o
modelo divino, mas sentia necessidade de aperfeiçoar-se moralmente, jamais se
permitindo a prática de ações menos nobres. E exagerou em contenção e
silêncio. Sua vida tornou-se complicada,
pois os amigos de bar o estranhavam, os colegas de trabalho no escritório da
Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo) passaram a olhá-lo com espanto, e em
casa a mulher reclamava do seu alheamento.
No sexto ano de encenação do
drama sacro, estava irreconhecível. Emagrecera, tinha expressão sombria no
olhar, e repetia maquinalmente as palavras tradicionais. Seu desempenho deixou
a desejar.
Foi advertido pela Empetur e pela
crítica: devia ser durante o ano um homem alegre, descontraído, para tornar-se
perfeito intérprete da Paixão na hora certa. Além do mais, até a chegada a
Jerusalém, Jesus era jovial e costumava ir a festas. Ele não atendeu às ponderações, acabou
destituído do papel, abandonou a família, e dizem que se alimenta de gafanhotos
no agreste. ANDRADE, Carlos Drummond de.
Histórias para o Rei.2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 56.
Qual é a informação principal no
texto “Necessidade de alegria”?
(A) A arte de representar exige
compenetração. (B) O ator pode exagerar
em contenção e silêncio.
(C) O ator precisa ser
alegre. (D) É
necessário aperfeiçoar-se.
D16 ––––––––– QUESTÃO 07
–––––––––
Leia o texto abaixo: O cabo e o soldado
Um cabo e
um soldado de serviço dobravam a esquina, quando perceberam que a multidão
fechada em círculo observava algo. O cabo foi logo verificar do que se tratava.
Não
conseguindo ver nada, disse, pedindo passagem:
— Eu sou
irmão da vítima.
Todos
olharam e logo o deixaram passar.
Quando
chegou ao centro da multidão, notou que ali estava um burro que tinha acabado
de ser atropelado e, sem graça, gaguejou dizendo ao soldado:
— Ora
essa, o parente é seu. Revista Seleções. Rir é o melhor
remédio. 12/98, p.91.
No texto, o traço de humor está
no fato de:
(A) o cabo e um soldado terem
dobrado a esquina. (B) o cabo ter ido
verificar do que se tratava.
(C) todos terem olhado para o
cabo. (D) ter
sido um burro a vítima do atropelamento.
D17 ––––––––––– QUESTÃO 08
––––––––––
Leia o
texto abaixo: Eu sou
Clara
Sabe, toda a vez que me olho no
espelho, ultimamente, vejo o quanto eu mudei por fora. Tudo cresceu: minha
altura, meus cabelos lisos e pretos, meus seios. Meu corpo tomou novas formas:
cintura, coxas, bumbum. Meus olhos (grandes e pretos) estão com um ar mais
ousado. Um brilho diferente. Eu gosto dos meus olhos. São bonitos. Também gosto
dos meus dentes, da minha franja... Meu grande problema são as orelhas. Acho
orelha uma coisa horrorosa, não sei por que (nunca vi ninguém com uma orelha
bonitona, bem-feita). Ainda bem que cabelo cobre orelha!
Chego à conclusão de que tenho
mais coisas que gosto do que desgosto
Tomo o maior cuidado com a pele
por causa das malditas espinhas (babo quando vejo um chocolate!). Não como
gordura (é claro que maionese não falta no meu sanduíche com batata frita, mas
tudo light...) nem tomo muito refri (celulite!!!). Procuro manter a forma. Às
vezes sinto vontade de fazer tudo ao contrário: comer, comer, comer... Sair da
aula de ginástica, suando, e tomar três garrafas de refrigerante geladinho.
Pedir cheese bacon com um mundo de maionese.
Engraçado isso. As pessoas exigem
que a gente faça um tipo e o pior é que a gente acaba fazendo. Que droga! Será
que o mundo feminino inteiro tem que ser igual? Parecer com a Luíza Brunet ou
com a Bruna Lombardi ou sei lá com quem? Será que tem que ser assim mesmo? Por que um monte de garotas que eu conheço
vivem cheias de complexos? Umas porque são mais gordinhas. Outras porque os
cabelos são crespos ou porque são um pouquinho narigudas.
Eu não sei como me sentiria se
fosse gorda, ou magricela, ou nariguda, ou dentuça, ou tudo junto. Talvez
sofresse, odiasse comprar roupas, não fosse a festas... Não mesmo! Bobagem!
Minha mãe sempre diz que beleza é “um conceito muito relativo”. O que pode ser
bonito pra uns, pode não ser pra outros. Ela também fala sempre que existem
coisas muito mais importantes que tornam uma mulher atraente: inteligência e
charme, por exemplo. Acho que minha mãe está coberta de razão! Pois bem, eu sou Clara. Com um pouco de tudo
e muito de nada. RODRIGUES,
Juciara. Difícil decisão. São Paulo: Atual, 1996.
No trecho “...nem tomo muito
refri (celulite!!!).” (ℓ.25), a repetição do “ponto de exclamação” sugere que
a personagem tem
(A) incerteza quanto às causas da
celulite. (B) medo da ação do
refrigerante.
(C) horror ao
aparecimento da celulite. (D)
preconceito contra os efeitos da celulite.
Leia o texto abaixo e responda as questões 9 e 10.
A beleza total
A beleza de Gertrudes fascinava
todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto,
recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não
ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o
espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilhaços.
A moça já não podia sair à rua,
pois os veículos paravam à revelia dos condutores, e estes, por sua vez,
perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafamento monstro, que durou
uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.
O Senado aprovou lei de
emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num
salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suicidara com uma foto de
Gertrudes sobre o peito.
Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este
era o seu destino fatal: a extrema beleza. E era feliz, sabendo-se
incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia
cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando,
imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a
beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves. ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos
plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.
D10 –––––––––– QUESTÃO 09
––––––––––
Em que oração, adaptada do texto,
o verbo personificou um objeto?
(A) O espelho partiu-se em mil
estilhaços. (B) Os veículos paravam
contra a vontade dos condutores.
(C) O Senado aprovou uma lei em
regime de urgência. (D) Os espelhos pasmavam diante do
rosto de Gertrudes.
D10 –––––––––– QUESTÃO 10
––––––––––
O conflito central do enredo é desencadeado
A)
pela extrema beleza da personagem. B) pelos espelhos que se espatifavam.
C) pelos
motoristas que paravam o trânsito. D) pelo suicídio do mordomo.
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CRÔNICA: DESABAFO DE UM BOM MARIDO
Luís Fernando Veríssimo
Minha
esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar: duas vezes por
semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e
um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas. Nós também
dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo. Eu
levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta.
Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento. 'Em
algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!' ela disse. Então eu sugeri a
cozinha.
Nós
sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um
liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão
elétrica. Então ela disse: 'Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra
sentar'. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica. Lembrem-se, o casamento é a
causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam
com o casamento. Eu me casei com a 'Sra. Certa'. Só não sabia que o primeiro nome
dela era 'Sempre'.
Já
faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.
Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O
que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'. No começo Deus criou o mundo e descansou.
Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem
Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso.
'Quando
o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a
entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa
para cuidar antes: o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais
importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer.
Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em
podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me
emocionei bastante e depois entrei em casa.
Em
alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.' - Quando
você terminar de cortar a grama,' eu disse, 'você pode também varrer a
calçada.' Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu
voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'. 'O casamento é uma relação
entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido... Fonte: UOL MAIS. UOL Site. Disponível on-line em: .
Acesso em 19-04-2023.
Entendendo o texto
Com base
na leitura do texto Desabafo de um Bom marido, leia as questões 1 à 10 e
assinale com um (X) a opção correta:
1. No texto Desabafo de um bom marido, o narrador
satiriza a relação marido e mulher, utilizando alguns recursos expressivos para
criar o efeito humorístico que cativa o leitor. Dentre esses recursos
destacamos a quebra de expectativa, em que uma afirmação quebra a expectativa
criada por uma afirmação anterior. Esse recurso é observado no trecho:
(A)
Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às
compras.
(B) Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre
me dando a entender que eu deveria consertá-lo.
(C) Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha.
(D) No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e
descansou.
(E) Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da
vida’.
2. A palavra desabafo, no título do texto, anuncia que
o marido
(A) analisará o comportamento de um bom marido.
(B) atestará a experiência feliz que é seu casamento.
(C) exaltará o relacionamento entre marido e mulher.
(D)
falará dos problemas que enfrenta no casamento
(E) dará conselhos sobre como ser um bom marido.
3. A afirmação “Eu me casei com a ‘Sra. Certa’. Só não sabia que o
primeiro nome dela era ‘Sempre’.” (linha 04), leva à compreensão de que
(A) a esposa é sempre fiel ao marido.
(B) o marido encontrou a pessoa certa para ele.
(C)
a esposa acha que sempre tem razão.
(D) o marido não compreende a esposa.
(E) a esposa é sempre dedicada ao marido.
4. No trecho “Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não
gosto de interrompê-la.’ (linhas 04 e 05), a situação é apresentada de forma
exagerada para expressar que
(A)
a esposa é uma pessoa que fala demais.
(B) o marido nunca interrompe a fala da esposa.
(C) o marido não fala com a esposa há 18 meses.
(D) não há diálogo entre marido e mulher.
(E) a esposa está ausente há 18 meses.
5. Ao podar a grama alta com uma tesourinha de costura, a esposa estava
(A) tentando aliviar o estresse do dia a dia.
(B) limpando o jardim que estava muito sujo.
(C) mostrando ao marido como se apara grama.
(D)
provocando o marido que não consertava o aparador de grama. (E) executando uma
tarefa doméstica de rotina.
6. A resposta do marido à pergunta “O que tem na TV?” (linha 06) causou
uma briga entre o casal porque
(A) a pergunta feita pela esposa foi ofensiva.
(B) o marido não entendeu a pergunta da esposa.
(C) a resposta do marido mostrava a indiferença dele em relação à
esposa.
(D)
o marido aproveitou a ambiguidade da pergunta para provocar a esposa.
(E) a esposa não entendeu a resposta do marido.
7. O discurso direto, predominante no texto, é utilizado quando o
narrador tem a intenção de
(A) mostrar o marido tentando controlar a esposa.
(B)
descrever uma cena do cotidiano do casal.
(C) dar voz ao marido ou à esposa.
(D) tecer considerações sobre o comportamento do casal.
(E) ressaltar que a esposa nunca concorda com o marido.
8. A oração “Quando o nosso cortador de grama quebrou,...”
(linha 09) expressa, em relação à oração que a segue, a ideia de
(A) modo. (B) lugar. (C) tempo.
(D) causa. (E) propósito.
9. Em relação aos trechos abaixo
I “Se eu soltar, ela vai às compras.” (linha 01)
II “Só não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.”
(linha 04) III “Já faz 18 meses que não falo com minha
esposa.” (linhas 04 e 05) é correto afirmar que as palavras se, só e já
expressam, respectivamente,
(A) tempo, condição e restrição.
(B) condição, restrição e tempo.
(C)
condição, tempo e restrição.
(D) restrição, condição, tempo. (E)
tempo, restrição e condição.
10. O texto enfatiza a ideia de que um bom marido é
aquele que
(A) não faz gozação com a esposa.
(B) é prestativo nas atividades domésticas. (C) faz tudo que a esposa quer. (D) admite que a esposa sempre tem razão. (E) não provoca brigas.
11. O que você entendeu sobre o texto lido:
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(SEAPE). Leia o texto abaixo.
Por que o cachorro foi morar com o homem?
O cachorro, que todos dizem ser o melhor amigo do homem, vivia
antigamente no meio do mato com seus primos, o chacal e o lobo.
Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos
riachos e caçavam sempre juntos.
Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham
dificuldades para encontrar o que comer. A vegetação e os rios secavam, fazendo
com que os animais da floresta fugissem em busca de outras paragens.
Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa
do forte calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.
– Precisamos mandar alguém à aldeia dos homens para apanhar um pouco de
fogo – disse o lobo.
– Fogo? – perguntou o cachorro.
– Para queimar o capim e comer gafanhotos assados – respondeu o chacal
com água na boca.
– E quem vai buscar o fogo? – tornou a perguntar o cachorro.
– Você! – responderam o lobo e o chacal, ao mesmo tempo, apontando para
o cão.
De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve
outro jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter
que fazer a cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam
dormindo numa boa.
O cachorro correu e correu até alcançar o cercado de espinhos e paus
pontudos que protegia a aldeia dos ataques dos leões.
Anoitecia, e das cabanas saía um cheiro gostoso. O cachorro entrou numa
delas e viu uma mulher dando de comer a uma criança. Cansado, resolveu sentar e
esperar a mulher se distrair para ele pegar um tição.
Uma panela de mingau de milho fumegava sobre uma fogueira. Dali, a
mulher, sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e as
passava para uma tigela de barro.
Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o
resto do mingau para o cão. O bicho, esfomeado, devorou tudo e adorou. Enquanto
comia, a criança se aproximou e acariciou o seu pelo. Então, o cão disse para
si mesmo:
– Eu é que não volto mais para a floresta. O lobo e o chacal vivem me
dando ordens.
Aqui não falta comida e as pessoas gostam de mim. De hoje em diante vou
morar com os homens e ajudá-los a tomar conta de suas casas.
E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por
causa disso que o lobo e o chacal ficam uivando na floresta, chamando pelo
primo fujão.
BARBOSA, Rogério Andrade. Disponível em
<http://www.ciadejovensgriots.org.br/Contos_Africanos_Infantis/Porque_o_cachorro_foi_
morar_com_o_homem.php>. Acesso em: 5 jul. 2011.
No trecho “Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou
o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão.” (17°
parágrafo), o autor, ao utilizar o tempo dos verbos destacados estabelece
A) a conclusão de um fato. B) a
continuidade de uma ação.
C) a possibilidade de ocorrência de um fato. D) a condução para a
realização de uma ação.
-------------------------------------------------------------------
(SPAECE). Leia o texto abaixo.
O craque sem idade
Quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar
acusava um lírico, um platônico 0 x 0. Ora, o empate é o pior resultado do
mundo. [...] Acresce o seguinte: de todos os empates o mais exasperante é o de
0 x 0. [...]
Súbito, o alto-falante do estádio se põe a anunciar as duas
substituições brasileiras: entravam Zizinho e Walter. Foi uma transfiguração.
Ninguém ligou para Walter, que é um craque, sim, mas sem a tradição, sem a
legenda, sem a pompa de um Ziza. O nome que crepitou, que encheu, que inundou
todo o espaço acústico do Maracanã foi o do comandante banguense.
Imediatamente, cada torcedor tratou de enxugar, no lábio, a baba da impotência,
do despeito e da frustração. O placar permanecia empacado no 0 x 0. Mas já nos
sentíamos atravessados pela certeza profética da vitória. Os nossos tórax
arriados encheram-se de um ar heroico, estufaram-se como nos anúncios de
fortificante.
Eis a verdade: a partir do momento em que se anunciou Zizinho, a partida
estava automática e fatalmente ganha. Portanto, público, juiz, bandeirinhas e
os dois times podiam ter se retirado, podiam ter ido para casa. Pois bem: veio
o jogo. Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha.
Nenhum gol, nada. Mas a presença de Zizinho, por si só, dinamizou a etapa
complementar, deu-lhe caráter, deu-lhe alma, infundiu-lhe dramatismo. Por outro
lado, verificamos ainda uma vez o seguinte: a bola tem um instinto clarividente
e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque.
Foi o que aconteceu: a pelota não largou Zizinho, a pelota o farejava e
seguia com uma fidelidade de cadelinha ao seu dono. [...]
No fim de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Zizinho jogava.
Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Zizinho
triturava os outros ou, ainda, Zizinho afundava os outros numa sombra
irremediável. Eis o fato: a partida foi um show pessoal e
intransferível.
E, no entanto, a convocação do formidável jogador suscitara escrúpulos e
debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos.
Geralmente, o jogador de 34 anos está
gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho
mostra o seguinte: o tempo é uma convenção que não existe [...] para o craque.
[...] Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos
anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?
No jogo Brasil x Paraguai, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes
de molhar a camisa, pelo alto-falante, no intervalo. Em último caso, poderá
jogar, de casa, pelo telefone.
RODRIGUES, Nelson. Disponível em:
<http://goo.gl/OcttjP>. Acesso em: 15 out. 2013. *Adaptado: Reforma Ortográfica.
Fragmento.
No trecho “Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha.”
(3° parágrafo), o uso do diminutivo no termo em destaque sugere
A) admiração. B) deboche. C)
suavidade. D) tamanho.
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(Itajubá-CE). Leia o texto abaixo.
AO APAGAR DAS LUZES
Ele tinha decidido, sem nada avisar, sem combinação nenhuma, que naquela
noite haveria o grande desvendamento.
Ele ia-se revelar, pronunciar a dura verdade, abrir o peito, rasgar as
vestes da postura comida, e abrir as pernas e parir a si mesmo e suas verdades
na cara dos demais, Eram uma família normal, uma gente cotidiana, que
trabalhava para pagar suas contas, que mantinha um tipo de fidelidade devida
antes ao cansaço e à resignação que à lealdade e ao amor.
Pais e filhos, uns casados, outros solteiros, reuniam-se cada domingo
assim, para atenderem ao desejo da mãe, à ordem do pai, e à sua própria
resignação.
O pai era um homem normal, cumpridor metódico de seus deveres, prazeres
poucos, e ao cabo de tantos anos já não sabia direito o que eram seus desejos,
se tinha sonhos, se tudo se fundia tia realidade tediosa...
(O Estado de S. Paulo,
10/04/2002)
No fragmento acima quem conta a história
a) O pai b) A mulher c) O narrador d) Os filhos
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(SAEGO). Leia o texto abaixo.
Uma vida melhor que a encomenda
[...] Domingo passado, comentei sobre o
documentário Eu Maior, em que Rubem Alves também participou [...]. Entre
outras coisas, ele contou que certa vez um garoto se aproximou dele para
perguntar como havia planejado sua vida para chegar onde chegou, qual foi a
fórmula do sucesso. Rubem Alves respondeu que chegou onde chegou porque tudo
que havia planejado deu errado. Planejar serve para colocar a pessoa em
movimento. Se não houver um objetivo, um desejo qualquer, ela acabará esperando
sentada que alguma grande oportunidade caia do céu, possivelmente por merecimento
cósmico.
É preciso querer alguma coisa – já
alcançar é facultativo, explico por quê. Uma vez determinado o rumo a seguir,
entra a melhor parte: abrir-se para os acidentes de percurso. Você que sonha em
ser um Rubem Alves, é possível que já tenha começado a escrever num blog (parabéns,
pôs-se em ação). No entanto, esses escritos podem conduzi-lo a um caminho que
não estava nos planos. Dependendo do conteúdo, seus posts podem levá-lo
a um convite para lecionar no interior, [...] a estagiar com um tio engenheiro,
a fazer doce pra fora, a pegar a estrada com um amigo e acabar na Costa Rica,
onde conhecerá a mulher da sua vida e com ela abrirá uma pousada,
transformando-se num empresário do ramo da hotelaria.
Não é assim que as coisas acontecem,
emendando uma circunstância na outra?
A vida está repleta de exemplos de arquiteta que
virou estilista, [...] estudante de Letras que virou maquiadora, publicitário
que virou chef de cozinha, professor que virou dono de pet shop,
economista que virou fotógrafo. Tem até gente que almejava ser economista,
virou economista, fez uma bela carreira como economista e morreu economista. A
vida é surpreendente. Ariano Suassuna largou a advocacia aos 27 anos, João
Ubaldo também se formou em Direito, mas nem chegou a exercer o ofício, e Rubem
Alves teve até restaurante. Tudo que dá errado pode dar muito certo. A vida
joga os dados, dá as cartas, gira a roleta: a nós, cabe apenas continuar
apostando.
MEDEIROS, Martha. Disponível em:
<http://cadeomeuabraco.blogspot.com.br/>. Acesso em: 22 jul. 2014.
Fragmento.
Nesse texto, a expressão “caia do céu” (2° parágrafo) foi usada para
A) ironizar o comportamento das pessoas sonhadoras.
B) mostrar a mudança repentina de atitude das
pessoas.
C) reforçar o sentimento de passagem repentina do
tempo.
D) sugerir a inércia das pessoas para atingir um
objetivo.
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(SAEGO). Leia o texto
abaixo.
De bem com a vida
Filó, a joaninha,
acordou cedo.
– Que lindo dia! Vou
aproveitar para visitar minha tia.
– Alô, tia Matilde.
Posso ir aí hoje?
– Venha, Filó. Vou
fazer um almoço bem gostoso.
Filó colocou seu
vestido amarelo de bolinhas pretas, passou batom cor-de-rosa, calçou os
sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto e saiu pela floresta: plecht,
plecht...
Andou, andou... e logo
encontrou Loreta, a borboleta.
– Que lindo dia!
– E pra que esse
guarda-chuva preto, Filó?
– É mesmo! – pensou a
joaninha.
E foi para casa deixar
seu guarda-chuva. De volta à floresta:
– Sapatinhos de
verniz? Que exagero! – Disse o sapo Tatá. Hoje nem tem festa na floresta.
– É mesmo! – pensou a
joaninha.
E foi para casa trocar
os sapatinhos. De volta à floresta:
– Batom cor-de-rosa?
Que esquisito! – disse Téo, o grilo falante. – É mesmo! – pensou a joaninha. De
volta à floresta:
– Vestido amarelo com
bolinhas pretas? Que feio. Por que não usa o vermelho? – disse a aranha
Filomena. – É mesmo! – pensou Filó. E foi para casa trocar de vestido.
Cansada de tanto ir e
voltar, Filó resmungava pelo caminho. O sol estava tão quente que a joaninha
resolveu desistir do passeio.
Chegando em casa,
ligou para tia Matilde.
– Titia, vou deixar a
visita para outro dia.
– O que aconteceu,
Filó?
– Ah! Tia Matilde!
Acordei cedo, me arrumei bem bonita e saí andando pela floresta. Mas no
caminho...
– Lembre-se,
Filozinha... Gosto de você do jeitinho que você é. Venha amanhã, estarei te
esperando com um almoço bem gostoso.
No dia seguinte, Filó
acordou de bem com a vida. Colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas,
amarrou a fita na cabeça, passou batom cor-de-rosa, calçou seus sapatinhos de
verniz, pegou o guarda-chuva preto, saiu andando apressadinha pela floresta plecht,
plecht, plecht... e só parou para descansar no colo gostoso da tia Matilde.
RIBEIRO, Nye. De bem
com a vida. In: Contos. Nova Escola. Edição especial. p. 51.
Nesse texto, o
diminutivo na palavra “bolinhas”
(5° parágrafo) reforça a ideia de
A) tamanho. B) inferioridade. C) deboche. D) carinho.
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Leia o texto para responder a questão abaixo: A CHUVA
A chuva derrubou as pontes. A chuva
transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as
praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e
seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A
chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva
anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas
sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos
dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva
murmurou meu nome. A chuva ligou o pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A
chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina. A
chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as
plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva
empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A
chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A
chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais.
A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A
chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A
chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.
Todas as frases do texto começam com "a chuva". Esse recurso é
utilizado para
(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.
(B) provocar uma sensação de relaxamento dos
sentidos.
(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da
chuva.
(D) sugerir a intensidade e a continuidade da
chuva.
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(Equipe PIP).
Leia o texto abaixo. A gansa dos ovos de ouro
(Fábula de Esopo recontada por Ana
Maria Machado)
Era uma vez um casal de camponeses que
tinha uma gansa muito especial. De vez em quando, quase todo dia, ela botava um
ovo de ouro. Era uma sorte enorme, mas em pouco tempo ele começaram achar que
podiam ficar muito mais ricos se ela pusesse um ovo daqueles por hora ou a todo
momento que eles quisessem. Falavam nisso sem parar, imaginando o que fariam
com tanto ouro.
- Que bobagem a gente ficar esperando que todo dia
saia dessa gansa um pouquinho... Ela deve ter dentro dela um jeito especial de
fabricar ouro. Isso era o que a gente precisava.
- Isso mesmo. Deve ter uma maquininha, um aparelho,
alguma coisa assim. Se a gente pegar pra nós, não precisa mais da gansa.
- E... Era melhor ter tudo de uma vez. E ficar
muito rico.
E resolveram matar a gansa para pegar todo o ouro.
Mas dentro não tinha nada diferente das outras
gansas que eles já tinham visto – só carne, tripa, gordura...
E eles não pegaram mais ouro. Nem mesmo ganharam um
ovo de ouro, nunca mais.
A palavra Isso marcada no
texto se refere a:
(A) Um
pouquinho de tempo de que o casal precisava para cuidar da gansa.
(B) A
bobagem de achar que dentro da gansa tinha ouro.
(C) Um modo
de produzir ouro.
(D) Uma maneira menos cruel de matar a gansa.
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(SAEMS). Leia o texto
abaixo. Domingo em Porto
Alegre
(Fragmento)
Enquanto Luiza termina de pôr a criançada a jeito, ele confere o
dinheiro que separou e o prende num clipe. Tudo em ordem para o grande dia.
Passa a mão na bolsa das merendas e se apresenta na porta do quarto.
─ Tá na hora, pessoal.
─ Já vai, já vai, - diz a mulher.
Mariana quer levar o bruxo de pano, Marta não consegue afivelar a
sandalinha, Marietinha quer fazer xixi e Luiza se multiplica em torno delas.
─ Espero vocês lá em baixo.
Luiza se volta.
─ Por favor, vamos descer todos juntos.
Todos juntos, como uma família, papai e mamãe de braços dados à frente
do pequeno cortejo de meninas de tranças.
─ Chama um carro – o passeio de táxi também faz parte do domingo. As
meninas vão com a mãe no banco de trás. Na frente, ele espicha as pernas,
recosta a nuca, que conforto um automóvel e o chofer não é como o do ônibus,
mudo e mal-humorado, e até puxa conversa.
─ Dia bonito, não?
─ Pelo menos isso.
─ É, a vida tá dureza...
Dureza é apelido e do Alto Petrópolis ao Bom Fim viajam nesse tom, tom
de domingo e na sua opinião não é verdade que esse país já tá com a vela?
Na calçada, Luiza lhe passa o braço e comenta que o choferzinho era meio
corredor. Ele concorda e acha também que era meio comunista.
E caminham.
Nas vitrinas do Bom Fim vão olhando os ternos da sala, as mesinhas de
centro, os quartos que sonham comprar um dia. Luiza se encanta num abajur
dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona azul. E caminham. [...]
FARACO, Sérgio. Majestic hotel. Porto Alegre: L&PM, 1991, p. 47.
O uso da palavra chofer
(9° parágrafo) no diminutivo revela um tom de
A) confiança.
B) desprezo.
C) intimidade.
D) nervosismo.
-------------------------------------------------------------------
(SAEMS). Leia o texto
abaixo e responda.
Grampo na linha
Me grampearam! A voz era cavernosa:
– Senhor Domingos?
– Sim.
– Nós grampeamos seu telefone.
– O quê? Quem está falando?
– O senhor vai receber a fita já-já.
Desligou, e eu ainda estava pensando quem poderia me passar um trote
assim, tocou a campainha. Era um mototaxista, que nem tirou o capacete:
– Senhor Domingos? Para o senhor.
Me deixou nas mãos uma caixinha e se foi. Abri, é uma fita que começa
com a voz cavernosa avisando: você vai ouvir agora
trechos selecionados de algumas conversas ao telefone. Ouça bem se não são
conversas com-pro-me-te-do-ras... – a voz solta amplas
reticências, em seguida vêm as gravações: [...]
Conspiração
– Pellegrini?– Não, o papa! Você não ligou pro Vaticano? Sabe que hora
é?
– Certo, certo... (Atenção – a voz cavernosa interrompe a conversa. – É claro que essa história de papa e Vaticano é uma senha, pois o assunto
é grave, é coisa de sociedade secreta ou grupo terrorista! E continua a
conversa... [...]
– Hein, Pellegrini? – a voz cavernosa e vitoriosa. – Quanto acha que
vale essa fita? E o que acha que a gente devia fazer com ela?...
PELLEGRINI, Domingos. Ladrão que rouba ladrão e outras crônicas. In: Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2005. V. 33. * Adaptado:Reforma Ortográfica.
Nesse texto, a escrita da palavra “com-pro-me-te-do-ras”
(9° parágrafo) sugere
A) crítica. B) gravidade. C) hesitação. D) musicalidade.
------------------------------------------------------------------- (PAEBES). Leia o texto abaixo.
Porquinho-da-índia
Quando eu tinha seis anos
Ganhei um porquinho-da-índia.
Que dor de cabeça me dava
Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!
Levava ele pra sala
Pra os lugares mais limpinhos
Ele não gostava:
Queria era estar debaixo do fogão.
Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...
– O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.
BANDEIRA, Manuel. Libertinagem &
Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova
Fronteira, 2000.
No poema, o uso dos diminutivos “porquinho” (v. 2), “bichinho” (v. 4),
“limpinhos” (v. 6) e “ternurinhas” (v. 9) indica
A) afetividade.
B) deboche.
C) desconsideração. D) insatisfação.
-------------------------------------------------------------------
(SPAECE). Leia os
textos abaixo.
NEVES, Libério. Pedra solidão. Belo
Horizonte: Movimento Perspectiva, 1965.
A disposição das últimas palavras
desse texto sugerem
A) dor. B) giro. C) queda. D) volta.
-------------------------------------------------------------------
(SAEPI). Leia o texto
abaixo.
Barba Ruiva
Aqui está a lagoa de Paranaguá, limpa como um espelho e bonita como
noiva enfeitada.
Espraia-se em quinze quilômetros por cinco de largura, mas não era,
tempo antigo, assim grande, poderosa como um braço de mar. Cresceu por encanto
cobrindo mato e caminho, por causa do pecado dos homens.
Nas salinas, ponta leste do povoado de Paranaguá, vivia uma viúva com
três filhas. O rio Fundo caía numa lagoa pequena no meio da várzea.
Um dia, não se sabe como, a mais moça das filhas da viúva adoeceu e
ninguém atinava com a moléstia. Ficou triste e pensativa.
Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter ocasião de levar a
moça ao altar.
Chegando o tempo, descansou a moça nos matos e querendo esconder a
vergonha, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da lagoa.
O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe-d’Água, tremendo de
raiva na sua beleza feiticeira. Amaldiçoou a moça que chorava, e mergulhou.
As águas foram crescendo, subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia
e noite, alagando, encharcando, atolando, aumentando sem cessar, cumprindo uma
ordem misteriosa. Tomou toda a várzea, passando por cima das carnaubeiras e
buritis, dando onda como maré de enchente na lua.
Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar
na beira, porque, a noite inteira, subia do fundo d’água um choro de criança,
como se chamasse a mãe para amamentar.
Ano vai e ano vem, o choro parou e, vez por outra, aparecia um homem
moço, airoso, muito claro, menino de manhã, com barbas ruivas ao meio-dia e
barbado de branco ao anoitecer.
Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que
vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na
lagoa desaparecendo.
Nenhuma mulher bate roupa e toma banho sozinha, com medo do Barba Ruiva.
Homem de respeito, doutor formado tendo encontrado o Filho da Mãe-d’Água, perde
o uso de razão, horas e horas.
Mas o Barba Ruiva não ofende a ninguém. Corre sua sina nas águas de
Paranaguá, perseguindo mulheres e fugindo dos homens.
Um dia desencantará. Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um
rosário indulgenciado. Barba Ruiva é pagão e deixa de ser encantado sendo
cristão.
CASCUDO, Luís Câmara. Lendas brasileiras.
Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 39-40.
No trecho “As águas foram crescendo, subindo
e correndo...” (8° parágrafo), a ordem em que as palavras
destacadas aparecem nesse texto sugere
A) exagero.
B) gradação. C) oposição. D) repetição.
-------------------------------------------------------------------
(SAEPI). Leia o texto abaixo e responda.
Nino quer um AMIGO
– Nino, por que você está sempre tão sério e cabisbaixo?
Nino vivia triste. Ele se sentia sozinho. Ninguém queria ser amigo dele.
Pobre menino.
Um dia, na praia, ele ficou esperançoso de encontrar um amigo.
– Ah, um menino. Quem sabe..., e tentou chegar perto dele. Mas o menino
virou para o lado, cavou um buraco.
E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. [...] Até que um dia, ele
tinha desistido de procurar.
Pensando em por que quanto mais tentava encontrar um amigo, mais sozinho
se sentia...
Ficou distraído, pensando, e adormeceu.
Quando acordou, olhou-se no espelho.
Enquanto escovava os dentes, percebeu que fazia muitas caretas. Achou
engraçado. Enxugou a boca e continuou brincando com o espelho. Era riso daqui,
riso de lá. Era língua do Nino e língua do espelho. Piscadela aqui, piscadela
ali. Começou ali uma verdadeira folia. Era um jogo de reconhecimento entre Nino
e sua imagem no espelho. E não é que Nino era bem engraçadinho? Ele mesmo nunca
tinha reparado nisso antes.
Que cara legal era o Nino. Que
garoto charmoso, bem-humorado!
Nino ficou encantado com seu espelho.
Fez-se ali uma grande amizade.
E, depois dessa amizade, surgiram muitas outras.
Nino hoje é um cara cheio de grandes amigos. Incluindo ele mesmo.
Valeu, Nino.
CANTON, Kátia. Nova Escola. v. 4, 2007.
Nesse texto, no trecho “E não é que Nino era bem engraçadinho?”
(14° parágrafo), a palavra destacada foi empregada no diminutivo para indicar
A) afetividade.
B) desprezo. C) ironia. D) tamanho.
-------------------------------------------------------------------
(SEAPE). Leia o texto abaixo.
BROWNE, Dik. O melhor de Hagar, o Horrível.
v. 3. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 54.
No quarto quadrinho, no trecho “O pobrezinho não entende”,
a palavra destacada sugere
A) carinho. B) crítica. C) deboche. D)
impaciência.
-------------------------------------------------------------------
Leia o texto abaixo.
Patricinhas do skate
De unhas pintadas e roupas da moda, elas enterram o estereótipo rebelde
Você já deve ter se deparado com uma delas. Estão sempre de unhas pintadas, cabelo arrumado, calça de cintura baixa e camiseta baby look. Nas mãos, o longboard – a versão mais comprida do skate tradicional. Sim, essas princesinhas estão se fazendo notar por aí.
Por muito tempo, o visual das skatistas foi propositalmente desleixado. Usavam camisetas de bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge com um ar rebeldezinho. Agora, as novas skatistas têm cara de saudáveis, roupas limpinhas e pouca afinidade com as manobras radicais do skate. “Não é porque eu estou andando de skate que vou mudar meu estilo”, diz Mitzi Iannibelli, 18, que adora reggae e faz as unhas toda semana – “sempre quadradas e sem cutícula’’. Mitzi se diz adepta do estilo mulherzinha, que ela define como “short com a barriga de fora e camisa baby look’’.
Recém-formada em estilismo, Amanda Assunção, 21, também critica o guarda-roupa rebelde: “Aquelas roupas grunges não tem nada a ver. Não gosto de estar largadona’’, diz, ajeitando o colar de pedrinhas azuis no pescoço.
O que se vê nas ruas já chama atenção das lojas especializadas. Na Kelly Connection, na Galeria River (Arpoador), de cada 10 skates vendidos, 7 são comprados por mulheres.
“É impressionante como tem menina começando’’, diz Nathalia Despinoy, 29, dona da loja e skatista amadora. Segundo afirma, houve uma mudança notável no perfil das skatistas: “Elas têm um envolvimento menor com o esporte, não usam nada muito louco, nada grunge.’’
As novas skatistas divergem de suas antecessoras até no gosto musical. Dead Kennedys e Pennywise já não têm mais lugar no porta-CDs, que guarda agora discos de Bob Marley, Billie Hollyday, Natiruts, Cássia Eller e Marisa Monte. Além do visual e da música, as longboarders têm uma relação menos profissional com o skate, em que a performance não é tão importante. Isabelle Valdes, 21, gosta de descer as Paineiras no seu long. Mas não faz pose e assume que só encara a versão light da descida. “Lá de cimão, eu ainda não tenho coragem’’, diz.
Jornal do Brasil. Disponível em: <http://quest1.jb.com.br/jb/papel/cadernos/domingo/2001/07/07/jordom20010707005.html>Acesso em: 08 jul. 2001.
No trecho “Usavam camisetas de bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge com um ar rebeldezinho.”(2° parágrafo), o diminutivo é utilizado com o intuito de
A) demonstrar ternura e afeto pelas garotas que se vestem desse modo.
B) fazer uma crítica às garotas que se vestem como rebeldes, mas não são.
C) identificar as patricinhas skatistas como sendo mais saudáveis e limpas.
D) indicar uma progressão de alguém novato para outro mais experiente.
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(SARESP – 2010). LEIA O TEXTO A SEGUIR
E RESPONDA: O MÁGICO ERRADO
Arquibaldo era um mágico. Exatamente. Um homem capaz de realizar
maravilhas. Ou de maravilhar outras pessoas, se preferir. Mas havia um
probleminha. E probleminha é modo de dizer, porque ele achava um proble-mão.
Arquibaldo era um mágico diferente. Um mágico às avessas, sei lá como dizer. Esse
era o problema de Arquibaldo. Ele não sabia. Não conseguia, por mais que se
concentrasse. Ele tirava bichos da cartola e do lenço. Era capaz de passar o
dia inteirinho tirando bichos. Mas, se falasse: "Vou tirar..." Pronto!
Tirava tudo que era bicho, menos o bicho anunciado. Por isso, andava tristonho
da vida.
Arquibaldo recordava-se dos espetáculos no circo. Embora preferisse nem
lembrar. O apresentador apresentava com ar solene e voz emocionada.
— E agora, com vocês, Ar-qui-bal-do, o maior mágico do mundo!
Fonte: GALDINO, Luiz. O mágico
errado. São Paulo: FTD, 1996. Adaptado. Fonte: SARESP, 2010.
Observe: “— E agora, com vocês, Ar-qui-bal-do, (último parágrafo) o maior
mágico do mundo!”
A palavra grifada foi dividida em sílabas para
(A) imitar o modo como o apresentador fala em circo. (B) explicar
direito como se pronuncia o nome Arquibaldo.
(C) criar uma dúvida sobre os poderes do mágico. (D) indicar que a mágica será muito perigosa.
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Leia o texto abaixo e
responda:
Para mostrar a diminuição da luz, o autor do poema
(A) deixou a palavra diminuindo cada vez mais clara, até que ela sumisse
por completo.
(B) escreveu apenas uma letra da palavra diminuindo e foi acrescentando
mais letras, até que a palavra aparecesse por completo.
(C) foi reduzindo a palavra diminuindo até que suas letras ficassem
todas grudadas.
(D) começou escrevendo a palavra diminuindo
completa e foi retirando letra por letra, até que restasse apenas a primeira
letra da palavra.
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(3ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto abaixo e responda.
Belém do Pará
Bembelelém!
Viva Belém!
Belém do Pará porto
moderno integrado na equatorial
Beleza eterna da
paisagem
Bembelelém!
Viva Belém!
Cidade pomar
(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinqüente: O
apedrejador de mangueiras)
Bembelelém!
Viva Belém!
Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:
Estrada de São
Jerônimo
Estrada de Nazaré
(...)
BANDEIRA, Manuel. Os melhores poemas de Manuel Bandeira.SeleçãoFrancisco de Assis
Barbosa. São Paulo: Global.1984.p.78.
As palavras “Bembelelém, Belém”,
com repetição de sons semelhantes sugerem
A) brincadeira com
palavras. B) evocação do repicar de sinos.
C) homenagem a Belém
do Pará. D) leveza da estrutura do
poema.
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(3ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto responda.
Direitos da criança e
do adolescente
Toda criança e o adolescente tem direito à proteção e à saúde, mediante a
efetivação de políticas sociais públicas.
Toda criança e o adolescente tem direito à liberdade, ao respeito e à
dignidade como pessoas humanas.
Toda criança e o
adolescente tem direito a ser criado e ser educado no sei de sua família.
Toda criança e o
adolescente tem direito à educação. Visando ao pleno desenvolvimento de sua
pessoa.
Toda criança e o
adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos como adequados a
sua faixa etária.
Texto adaptado do
ECA/CEDCA-GO 2002
Usando o termo “Toda” no início de cada frase, o texto
(A) enfatiza a idéia de
universalidade. (B) estabelece independência com o termo “criança”.
(C) estabelece maior vínculo com o leitor. (D) faz uma repetição sem necessidade.
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(2ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto abaixo e responda.
Domingo em Porto Alegre
Enquanto Luiza termina de por a criançada a jeito,
ele confere o dinheiro que separou e o prende num clipe. Tudo em ordem para o
grande dia. Passa a mão na bolsa das merendas e se apresenta na porta do
quarto.
— Tá na hora, pessoal.
— Já vai, já vai, - diz a mulher.
Mariana quer levar o bruxo de pano. Marta não
consegue afivelar a sandalinha, Marietinha quer fazer xixi e Luiza se
multiplica em torno delas.
— Espero vocês lá em baixo.
Luiza se volta.
— Por favor, vamos descer todos juntos.
Todos juntos, como uma família, papai e mamãe de
braços dados à frente do pequeno cortejo de meninas de tranças.
— Chama um carro —
o passeio de táxi também faz parte do domingo. As meninas vão com a mãe
no banco de trás. Na frente, ele espicha as pernas, recosta a nuca. Que
conforto um automóvel! E o chofer não é como o do ônibus, mudo e mal-humorado,
e até puxa conversa.
— Dia bonito, não?
— Pelo menos isso.
— É, a vida tá dureza...
Dureza é apelido. E do Alto Petrópolis ao Bom Fim
viajam nesse tom, tom de domingo. E na sua opinião não é verdade que esse país
já tá com a vela?
Na calçada, Luiza lhe passa o braço e comenta que o
choferzinho era meio corredor. Ele concorda e acha também que era meio
comunista.
— E caminham.
— Nas vitrinas do Bom Fim vão olhando os ternos da
sala, as mesinhas de centro, os quartos que sonham comprar um dia. Luiza se
encanta num abajur dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona
azul. E caminham. (...)
FARACO, Sérgio. Majestic hotel. Porto
Alegre: L&PM, 1991,p.47
No trecho “... o choferzinho
era meio corredor.”, a palavra destacada revela um tom de
A) confiança. B) desprezo. C) intimidade. D) carinho.
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(1ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto abaixo e, a
seguir, responda.
O último poema
Manuel Bandeira
Assim eu quereria o meu último poema. Que fosse
terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente
como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A
pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos
suicidas que se matam sem explicação.
Disponível em
http://www.celipoesias.net/manuel-bandeira/poesia1.htm, acessado em 07 de
novembro de 2012.
A repetição do termo que
no 2º, 3º e 4º versos do poema, produz o efeito de
(A) ênfase (B) continuidade (C)
dúvida. (D) hesitação.
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(SAEPI). Leia o texto abaixo.
Disponível em:
<http://www.tirascalvin.com.br>. Acesso em: 12 mar. 2010.
A expressão “AHHH!!”, no terceiro quadrinho, demonstra
A) alegria. B) animação. C)
dúvida. D)
susto.
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(Ibajara- CE). Leia o texto e responda à questão.
Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas
minhas andanças pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem
nenhum cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que
desolação. Tudo aquilo – disso estava bem certa – era completamente inédito pra
mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias, a uma
imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória?
Voltei-me para o bosque que se estendia à minha
direita. Esse bosque eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa
dentro de uma névoa dourada. “Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?”
Na frase “Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?” o uso das reticências
sugere
(A) impaciência. (B)
impossibilidade. (C) incerteza. (D) irritação.
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(Ibajara- CE). Leia o trecho:
— As árvores se comunicam entre si, não importa a
distância. Na verdade, nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso.
No trecho “Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso. “as frases curtas produzem o efeito de
A) continuidade. B) dúvida. C) ênfase. D) hesitação.
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(SADEAM). Leia o texto abaixo.
Disponível em:
<http://meninomaluquinho.com.br>. Acesso em: 10 set. 09.
No primeiro quadrinho desse texto, a palavra “FO FO CA” dividida em sílabas sugere que a menina
A) desconhecia a palavra. B) enfatizou a
palavra. C) gaguejou a palavra. D) sussurrava palavra.
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PRODUÇAO
TEXTUAL
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