sexta-feira, 14 de fevereiro de 2025

APOSTILA DOS DESCRITORES

 APOSTILA DOS DESCRITORES

D1 –––––––––   QUESTÃO 01   –––––––––––

Leia o texto abaixo: Como opera a máfia que transformou o Brasil num dos campeões da fraude de medicamentos

É um dos piores crimes que se podem cometer. As vítimas são homens, mulheres e crianças doentes — presas fáceis, capturadas na esperança de recuperar a saúde perdida. A máfia dos medicamentos falsos é mais cruel do que as quadrilhas de narcotraficantes. Quando alguém decide cheirar cocaína, tem absoluta consciên­cia do que coloca no corpo adentro. Às vítimas dos que falsificam remédios não é dada oportunidade de escolha. Para o doente, o remédio é compulsório. Ou ele toma o que o médico lhe receitou ou passará a correr risco de piorar ou até morrer. Nunca como hoje os brasileiros entraram numa farmácia com tanta reserva. PASTORE, Karina. O Paraíso dos Remédios Falsificados. Veja, nº 27. São Paulo: Abril, 8 jul. 1998, p. 40-41.

Segundo a autora, “um dos piores crimes que se podem cometer” é:

(A) a venda de narcóticos.(B) a falsificação dos remédios. (C) a receita de remédios falsos. (D) a venda abusiva de remédios.

 

D3 –––––––––––   QUESTÃO 02   –––––––––––

Leia o texto abaixo:                                 Realidade com muita fantasia

Nascido em 1937, o gaúcho Moacyr Scliar é um homem versátil: médico e escri­tor, igualmente atuante nas duas áreas. Dono de uma obra literária extensa, é ainda um biógrafo de mão cheia e colaborador assíduo de diversos jornais brasileiros. Seus livros para jovens e adultos são sucesso de público e de crítica e alguns já foram publicados no exterior.

Muito atento às situações-limite que desagradam à vida humana, Scliar com­bina em seus textos indícios de uma realidade bastante concreta com cenas abso­lutamente fantásticas. A convivência entre realismo e fantasia é harmoniosa e dela nascem os desfechos surpreendentes das histórias.  Em sua obra, são freqüentes questões de identidade judaica, do cotidiano da medicina e do mundo da mídia, como, por exemplo, acontece no conto “O dia em que matamos James Cagney”.Para Gostar de Ler, volume 27. Histórias sobre Ética. Ática, 1999.

A expressão sublinhada em “é ainda um biógrafo de mão cheia” (ℓ. 2) e (ℓ. 3) sig­nifica que Scliar é

(A) crítico e detalhista.  (B) criativo e inconsequente. C) habilidoso e talentoso.  (D) inteligente e ultrapassado.

D4 ––––––––––   QUESTÃO 03   –––––––––

O texto conta a história de um homem que “entrou pelo cano”.            O Homem que entrou pelo cano

Abriu a torneira e entrou pelo cano. A princípio incomodava-o a estreiteza do tubo. Depois se acostumou. E, com a água, foi seguindo. Andou quilômetros. Aqui e ali ouvia barulhos familiares. Vez ou outra um desvio, era uma seção que terminava em torneira.

Vários dias foi rodando, até que tudo se tornou monótono. O cano por dentro não era interessante.  No primeiro desvio, entrou. Vozes de mulher. Uma criança brincava. Então per­cebeu que as engrenagens giravam e caiu numa pia. À sua volta era um branco imenso, uma água límpida. E a cara da menina aparecia redonda e grande, a olhá-lo interessada. Ela gritou: “Mamãe, tem um homem dentro da pia”.  Não obteve resposta. Esperou, tudo quieto. A menina se cansou, abriu o tampão e ele desceu pelo esgoto. BRANDÃO, Ignácio de Loyola. Cadeiras Proibidas. São Paulo: Global, 1988, p. 89.

O conto cria uma expectativa no leitor pela situação incomum criada pelo enredo. O resultado não foi o esperado porque:

(A) a menina agiu como se fosse um fato normal.  (B) o homem demonstrou pouco interesse em sair do cano.

(C) as engrenagens da tubulação não funcionaram.    (D) a mãe não manifestou nenhum interesse pelo fato.

 

D6 –––––––––   QUESTÃO 04   ––––––––––

Leia o texto abaixo: O ouro da biotecnologia

Até os bebês sabem que o patrimônio natural do Brasil é imenso. Regiões como a Amazônia, o Pantanal e a Mata Atlântica - ou o que restou dela - são invejadas no mundo todo por sua biodiversidade. Até mesmo ecossistemas como o do cerrado e o da caatinga têm mais riqueza de fauna e flora do que se costuma pensar. A quan­tidade de água doce, madeira, minérios e outros bens naturais é amplamente citada nas escolas, nos jornais e nas conversas. O problema é que tal exaltação ufanista (“Abençoado por Deus e bonito por natureza”) é diretamente proporcional à desaten­ção e ao desconhecimento que ainda vigoram sobre essas riquezas.

Estamos entrando numa era em que, muito mais do que nos tempos coloniais (quando pau-brasil, ouro, borracha etc. eram levados em estado bruto para a Europa), a exploração comercial da natureza deu um salto de intensidade e refinamento. Essa revolução tem um nome: biotecnologia. Com ela, a Amazônia, por exemplo, deixará em breve de ser uma enorme fonte “potencial” de alimentos, cosméticos, remédios e outros subprodutos: ela o será de fato - e de forma sustentável. Outro exemplo: os créditos de carbono, que terão de ser comprados do Brasil por países que poluem mais do que podem, poderão significar forte entrada de divisas.

Com sua pesquisa científica carente, idefinição quanto à legislação e dificul­dades nas questões de patenteamento, o Brasil não consegue transformar essa riqueza natural em riqueza financeira. Diversos produtos autóctones, como o cupua­çu, já foram registrados por estrangeiros - que nos obrigarão a pagar pelo uso de um bem original daqui, caso queiramos (e saibamos) produzir algo em escala com ele. Além disso, a biopirataria segue crescente. Até mesmo os índios deixam que plantas e animais sejam levados ilegalmente para o exterior, onde provavelmente serão ven­didos a peso de ouro. Resumo da questão: ou o Brasil acorda para a nova realidade econômica global, ou continuará perdendo dinheiro como fruta no chão. Uma frase que resume a ideia principal do texto é:

(A) A Amazônia deixará de ser fonte potencial de alimentos.  (B) O Brasil não transforma riqueza natural em financeira.

(C) Os Índios deixam animais e plantas serem levados.  (D) Os estrangeiros registraram diversos produtos.

 

D14 ––––––––   QUESTÃO 05   –––––––––––

Leia o texto abaixo:  As enchentes de minha infância

Sim, nossa casa era muito bonita, verde, com uma tamareira junto à varanda, mas eu invejava os que moravam do outro lado da rua, onde as casas dão fundos para o rio. Como a casa dos Martins, como a casa dos Leão, que depois foi dos Medeiros, depois de nossa tia, casa com varanda fresquinha dando para o rio. Quando começavam as chuvas a gente ia toda manhã lá no quintal deles ver até onde chegara a enchente. As águas barrentas subiam primeiro até a altura da cerca dos fundos, depois às bananeiras, vinham subindo o quintal, entravam pelo porão. Mais de uma vez, no meio da noite, o volume do rio cresceu tanto que a família defronte teve medo.

Então vinham todos dormir em nossa casa. Isso para nós era uma festa, aquela faina de arrumar camas nas salas, aquela intimidade improvisada e alegre. Parecia que as pessoas ficavam todas contentes, riam muito; como se fazia café e se tomava café tarde da noite! E às vezes o rio atravessava a rua, entrava pelo nosso porão, e me lembro que nós, os meninos, torcíamos para ele subir mais e mais. Sim, éramos a favor da enchente, ficávamos tristes de manhãzinha quando, mal saltando da cama, íamos correndo para ver que o rio baixara um palmo – aquilo era uma traição, uma fraqueza do Itapemirim. Às vezes chegava alguém a cavalo, dizia que lá, para cima do Castelo, tinha caído chuva muita, anunciava águas nas cabeceiras, então dormíamos sonhando que a enchente ia outra vez crescer, queríamos sempre que aquela fosse a maior de todas as enchentes.BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 3. ed.Rio de Janeiro: Editora do Autor, 1962. p. 157.

A expressão que revela uma opinião sobre o fato “... vinham todos dormir em nossa casa” (ℓ. 10), é

(A) “Às vezes chegava alguém a cavalo...”  (B) “E às vezes o rio atravessava a rua...”

(C) “e se tomava café tarde da noite!” (D) “Isso para nós era uma festa...”

 

D5 ––––––––––   QUESTÃO 06   ––––––––––

Leia o texto abaixo:

A atitude de Romeu em relação a Dalila revela:

(A) compaixão.   (B) companheirismo.  (C) insensibilidade.  (D) revolta.

D12 ––––––––   QUESTÃO 07   –––––––––––

Leia o texto abaixo:   A antiga Roma ressurge em cada detalhe

Dos 20.000 habitantes de Pompéia, só dois escaparam da fulminante erupção do vulcão Vesúvio em 24 de agosto de 79 d.C. Varrida do mapa em horas, a cidade só foi encontrada em 1748, debaixo de 6 metros de cinzas. Por ironia, a catástrofe salvou Pompéia dos conquistadores e preservou-a para o futuro, como uma jóia ar­queológica. Para quem já esteve lá, a visita é inesquecível.

A profusão de dados sobre a cidade permitiu ao Laboratório de Realidade Virtual Avançada da Universidade Carnegie Mellon, nos Estados Unidos, criar imagens minuciosas, com apoio do instituto Americano de Arqueologia. Milhares de detalhes arquitetônicos tornaram-se visíveis. As imagens mostram até que nas casas dos ricos se comia pão branco, de farinha de trigo, enquanto na dos pobres comia-se pão preto, de centeio.

Outro megaprojeto, para ser concluído em 2020, da Universidade da Califórnia, trata da restauração virtual da história de Roma, desde os primeiros habitantes, no século XV a.C., até a decadência, no século V. Guias turísticos virtuais conduzirão o visitante por paisagens animadas por figurantes. Edifícios, monumentos, ruas, aque­dutos, termas e sepulturas desfilarão, interativamente. Será possível percorrer vinte séculos da história num dia. E ver com os próprios olhos tudo aquilo que a literatura esforçou-se para contar com palavras. Revista Superinteressante, dezembro de 1998, p. 63.

 

A finalidade principal do texto é    (A) convencer.(B) relatar.(C) descrever. (D) informar.

 

D2 ––––––––––   QUESTÃO 08   ––––––––––

Leia o texto abaixo:   A floresta do contrário

Todas as florestas existem antes dos homens. Elas estão lá e então o homem chega, vai destruindo, derruba as árvores, começa a construir prédios, casas, tudo com muito tijolo e concreto. E poluição também.  Mas nesta floresta aconteceu o contrário. O que havia antes era uma cidade dos homens, dessas bem poluídas, feia, suja, meio neurótica.  Então as árvores foram chegando, ocupando novamente o espaço, conseguiram expulsar toda aquela sujeira e se instalaram no lugar.  É o que se poderia chamar de vingança da natureza – foi assim que terminou seu relato o amigo beija-flor.

Por isso ele estava tão feliz, beijocando todas as flores – aliás, um colibri bem assanhado, passava flor por ali, ele já sapecava um beijão. Agora o Nan havia entendido por que uma ou outra árvore tinha parede por dentro, e ele achou bem melhor assim. Algumas árvores chegaram a engolir casas inteiras. Era um lugar muito bonito, gostoso de se ficar. Só que o Nan não podia, pre­cisava partir sem demora. Foi se despedir do colibri, mas ele já estava namorando apertado a uma outra florzinha, era melhor não atrapalhar.LIMA, Ricardo da Cunha. Em busca do tesouro de Magritte. São Paulo: FTD, 1988.

No trecho “Elas estão lá e então o homem chega,...” (ℓ. 2), a palavra destacada refere-se a:

(A)   flores. (B) casas. (C) florestas. (D) árvores.

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D10 –––––––––––   QUESTÃO 01   ––––––––––

Leia o texto abaixo:                                  O que dizem as camisetas

(Fragmento)

 

Apareceram tantas camisetas com inscrições, que a gente estranha ao deparar com uma que não tem nada escrito.

– Que é que ele está anunciando? – indagou o cabo eleitoral, apreensivo. – Será que faz propaganda do voto em branco? Devia ser proibido!

– O cidadão é livre de usar a camiseta que quiser – ponderou um senhor moderado.

– Em tempo de eleição, nunca – retrucou o outro. – Ou o cidadão manifesta sua preferência política ou é um sabotador do processo de abertura democrática.

– O voto é secreto.

– É secreto, mas a camiseta não é, muito pelo contrário. Ainda há gente neste país que não assume a sua responsabilidade cívica, se esconde feito avestruz e...

– Ah, pelo que vejo o amigo não aprova as pessoas que gostam de usar uma camiseta limpinha, sem inscrição, na cor natural em que saiu da fábrica.

(...).     DRUMMOND, Carlos. Moça deitada na grama. Rio de Janeiro: Record, 1987, p. 38-40.

 

O conflito em torno do qual se desenvolveu a narrativa foi o fato de:

(A) alguém aparecer com uma camiseta sem nenhuma inscrição. (B) muitas pessoas não assumirem sua responsabilidade cívica.

(C) um senhor comentar que o cidadão goza de total liberdade. (D) alguém comentar que a camiseta, ao contrário do voto, não é secreta.

D11 –––––––––––   QUESTÃO 02   ––––––––––

Leia o texto abaixo:     A função da arte

 

Diego não conhecia o mar. O pai, Santiago Kovadloff, levou-o para que desco­brisse o mar.

Viajaram para o Sul.

Ele, o mar, estava do outro lado das dunas altas, esperando.

Quando o menino e o pai enfim alcançaram aquelas alturas de areia, depois de muito caminhar, o mar estava na frente de seus olhos. E foi tanta a imensidão do mar, e tanto fulgor, que o menino ficou mudo de beleza.

E quando finalmente conseguiu falar, tremendo, gaguejando, pediu ao pai:

– Me ajuda a olhar!  GALEANO, Eduardo. O livro dos abraços. Trad. Eric Nepomuceno 5ª ed. Porto Alegre: Editora L & PM, 1997.

O menino ficou tremendo, gaguejando porque

(A) a viagem foi longa. (B) as dunas eram muito altas. (C) o mar era imenso e belo. (D) o pai não o ajudou a ver o mar.

 

D15 ––––––––––   QUESTÃO 03   ––––––––––

Leia o texto abaixo:

 

Acho uma boa ideia abrir as escolas no fim de semana, mas os alunos devem ser supervisionados por alguém responsável pelos jogos ou qualquer opção de lazer que se ofereça no dia. A comunidade poderia interagir e participar de atividades in­teressantes. Poderiam ser feitas gincanas, festas e até churrascos dentro da escola.

(Juliana Araújo e Souza)                   (Correio Braziliense, 10/02/2003, Gabarito. p. 2.)

 

Em “A comunidade poderia interagir e participar de atividades interessantes.” (ℓ. 5-6), a palavra destacada indica:

 

(A) alternância.    (B) oposição.     (C) adição.    (D) explicação.

 

D7 ––––––––––   QUESTÃO 04   ––––––––––

Leia o texto abaixo:                     O mercúrio onipresente

(Fragmento)

 

Os venenos ambientais nunca seguem regras. Quando o mundo pensa ter descoberto tudo o que é preciso para controlá-los, eles voltam a atacar. Quando removemos o chumbo da gasolina, ele ressurge nos encanamentos envelhecidos. Quando toxinas e resíduos são enterrados em aterros sanitários, contaminam o len­çol freático. Mas ao menos acreditávamos conhecer bem o mercúrio. Apesar de todo o seu poder tóxico, desde que evitássemos determinadas espécies de peixes nas quais o nível de contaminação é particularmente elevado, estaríamos bem. [...].

Mas o mercúrio é famoso pela capacidade de passar despercebido. Uma sé­rie de estudos recentes sugere que o metal potencialmente mortífero está em toda parte — e é mais perigoso do que a maioria das pessoas acredita.     Jeffrey Kluger. IstoÉ. nº 1927, 27/06/2006, p.114-115.

 

A tese defendida no texto está expressa no trecho:

(A) as substâncias tóxicas, em aterros, contaminam o lençol freático. (B) o chumbo da gasolina ressurge com a ação do tempo.

(C) o mercúrio apresenta alto teor de periculosidade para a natureza. (D) o total controle dos venenos ambientais é impossível.

 

D8 –––––––––––   QUESTÃO 05   ––––––––––

Leia o texto abaixo:       Os filhos podem dormir com os pais?

(Fragmento)

 

Maria Tereza – Se é eventual, tudo bem. Quando é sistemático, prejudica a intimidade do casal. De qualquer forma, é importante perceber as motivações sub­jacentes ao pedido e descobrir outras maneiras aceitáveis de atendê-las. Por vezes, a criança está com medo, insegura, ou sente que tem poucas oportunidades de con­tato com os pais. Podem ser criados recursos próprios para lidar com seus medos e inseguranças, fazendo ela se sentir mais competente.

Posternak – Este hábito é bem frequente. Tem a ver com comodismo – é mais rápido atender ao pedido dos filhos que agüentar birra no meio da madrugada; e com culpa – “coitadinho, eu saio quando ainda dorme e volto quando já está dormin­do”. O que falta são limites claros e concretos. A criança que “sacaneia” os pais para dormir também o faz para comer, escolher roupa ou aceitar as saídas familiares.     ISTOÉ, setembro de 2003 -1772.

 

O argumento usado para mostrar que os pais agem por comodismo encontra-se na alternativa:

(A) a birra na madrugada é pior.    (B) a criança tem motivações subjacentes.

(C) o fato é muitas vezes eventual.      (D) os limites estão claros.

 

D9 –––––––––––   QUESTÃO 06   –––––––––––

Leia o texto abaixo:                                       Necessidade de alegria

 

O ator que fazia o papel de Cristo no espetáculo de Nova Jerusalém ficou tão compenetrado da magnitude da tarefa que, de ano para ano, mais exigia de si mes­mo, tanto na representação como na vida rotineira.

Não que pretendesse copiar o modelo divino, mas sentia necessidade de aper­feiçoar-se moralmente, jamais se permitindo a prática de ações menos nobres. E exagerou em contenção e silêncio.  Sua vida tornou-se complicada, pois os amigos de bar o estranhavam, os cole­gas de trabalho no escritório da Empetur (Empresa Pernambucana de Turismo) pas­saram a olhá-lo com espanto, e em casa a mulher reclamava do seu alheamento.

No sexto ano de encenação do drama sacro, estava irreconhecível. Emagrecera, tinha expressão sombria no olhar, e repetia maquinalmente as palavras tradicionais. Seu desempenho deixou a desejar.

Foi advertido pela Empetur e pela crítica: devia ser durante o ano um homem alegre, descontraído, para tornar-se perfeito intérprete da Paixão na hora certa. Além do mais, até a chegada a Jerusalém, Jesus era jovial e costumava ir a festas.  Ele não atendeu às ponderações, acabou destituído do papel, abandonou a família, e dizem que se alimenta de gafanhotos no agreste.    ANDRADE, Carlos Drummond de. Histórias para o Rei.2ª ed. Rio de Janeiro: Record, 1998. p. 56.

 

Qual é a informação principal no texto “Necessidade de alegria”?

(A) A arte de representar exige compenetração.   (B) O ator pode exagerar em contenção e silêncio.

(C) O ator precisa ser alegre.        (D) É necessário aperfeiçoar-se.

 

D16 –––––––––   QUESTÃO 07   –––––––––

Leia o texto abaixo:    O cabo e o soldado

Um cabo e um soldado de serviço dobravam a esquina, quando perceberam que a multidão fechada em círculo observava algo. O cabo foi logo verificar do que se tratava.

Não conseguindo ver nada, disse, pedindo passagem:

— Eu sou irmão da vítima.

Todos olharam e logo o deixaram passar.

Quando chegou ao centro da multidão, notou que ali estava um burro que tinha acabado de ser atropelado e, sem graça, gaguejou dizendo ao soldado:

— Ora essa, o parente é seu.  Revista Seleções. Rir é o melhor remédio. 12/98, p.91.

 

No texto, o traço de humor está no fato de:

(A) o cabo e um soldado terem dobrado a esquina.  (B) o cabo ter ido verificar do que se tratava.

(C) todos terem olhado para o cabo.  (D) ter sido um burro a vítima do atropelamento.

 

D17 –––––––––––   QUESTÃO 08   ––––––––––

Leia o texto abaixo:       Eu sou Clara

 

Sabe, toda a vez que me olho no espelho, ultimamente, vejo o quanto eu mudei por fora. Tudo cresceu: minha altura, meus cabelos lisos e pretos, meus seios. Meu corpo tomou novas formas: cintura, coxas, bumbum. Meus olhos (grandes e pretos) estão com um ar mais ousado. Um brilho diferente. Eu gosto dos meus olhos. São bonitos. Também gosto dos meus dentes, da minha franja... Meu grande problema são as orelhas. Acho orelha uma coisa horrorosa, não sei por que (nunca vi ninguém com uma orelha bonitona, bem-feita). Ainda bem que cabelo cobre orelha!

Chego à conclusão de que tenho mais coisas que gosto do que desgosto em mim. Isso é bom, muito bom. Se a gente não gostar da gente, quem é que vai gos­tar? (Ouvi isso em algum lugar...) Pra eu me gostar assim, tenho que me esforçar um monte.

Tomo o maior cuidado com a pele por causa das malditas espinhas (babo quando vejo um chocolate!). Não como gordura (é claro que maionese não falta no meu sanduíche com batata frita, mas tudo light...) nem tomo muito refri (celulite!!!). Procuro manter a forma. Às vezes sinto vontade de fazer tudo ao contrário: comer, comer, comer... Sair da aula de ginástica, suando, e tomar três garrafas de refrigerante geladinho. Pedir cheese bacon com um mundo de maionese.

Engraçado isso. As pessoas exigem que a gente faça um tipo e o pior é que a gente acaba fazendo. Que droga! Será que o mundo feminino inteiro tem que ser igual? Parecer com a Luíza Brunet ou com a Bruna Lombardi ou sei lá com quem? Será que tem que ser assim mesmo?  Por que um monte de garotas que eu conheço vivem cheias de complexos? Umas porque são mais gordinhas. Outras porque os cabelos são crespos ou porque são um pouquinho narigudas.

Eu não sei como me sentiria se fosse gorda, ou magricela, ou nariguda, ou dentuça, ou tudo junto. Talvez sofresse, odiasse comprar roupas, não fosse a festas... Não mesmo! Bobagem! Minha mãe sempre diz que beleza é “um conceito muito rela­tivo”. O que pode ser bonito pra uns, pode não ser pra outros. Ela também fala sem­pre que existem coisas muito mais importantes que tornam uma mulher atraente: inteligência e charme, por exemplo. Acho que minha mãe está coberta de razão!  Pois bem, eu sou Clara. Com um pouco de tudo e muito de nada. RODRIGUES, Juciara. Difícil decisão. São Paulo: Atual, 1996.

 

No trecho “...nem tomo muito refri (celulite!!!).” (ℓ.25), a repetição do “ponto de excla­mação” sugere que a personagem tem

(A) incerteza quanto às causas da celulite.   (B) medo da ação do refrigerante.

(C) horror ao aparecimento da celulite.    (D) preconceito contra os efeitos da celulite.

 

Leia o texto abaixo e responda as questões 9 e 10.

A beleza total

A beleza de Gertrudes fascinava todo mundo e a própria Gertrudes. Os espelhos pasmavam diante de seu rosto, recusando-se a refletir as pessoas da casa e muito menos as visitas. Não ousavam abranger o corpo inteiro de Gertrudes. Era impossível, de tão belo, e o espelho do banheiro, que se atreveu a isto, partiu-se em mil estilha­ços.

A moça já não podia sair à rua, pois os veículos paravam à revelia dos condu­tores, e estes, por sua vez, perdiam toda capacidade de ação. Houve um engarrafa­mento monstro, que durou uma semana, embora Gertrudes houvesse voltado logo para casa.

O Senado aprovou lei de emergência, proibindo Gertrudes de chegar à janela. A moça vivia confinada num salão em que só penetrava sua mãe, pois o mordomo se suici­dara com uma foto de Gertrudes sobre o peito.

Gertrudes não podia fazer nada. Nascera assim, este era o seu destino fatal: a ex­trema beleza. E era feliz, sabendo-se incomparável. Por falta de ar puro, acabou sem condições de vida, e um dia cerrou os olhos para sempre. Sua beleza saiu do corpo e ficou pairando, imortal. O corpo já então enfezado de Gertrudes foi recolhido ao jazigo, e a beleza de Gertrudes continuou cintilando no salão fechado a sete chaves.   ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. Rio de Janeiro: José Olympio, 1985.

 

D10 ––––––––––   QUESTÃO 09   ––––––––––

Em que oração, adaptada do texto, o verbo personificou um objeto?

(A) O espelho partiu-se em mil estilhaços.  (B) Os veículos paravam contra a vontade dos condutores.

(C) O Senado aprovou uma lei em regime de urgência. (D) Os espelhos pasmavam diante do rosto de Gertrudes.

 

D10 ––––––––––   QUESTÃO 10   ––––––––––

O conflito central do enredo é desencadeado

A) pela extrema beleza da personagem.   B) pelos espelhos que se espatifavam.

C) pelos motoristas que paravam o trânsito. D) pelo suicídio do mordomo.

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CRÔNICA:  DESABAFO DE UM BOM MARIDO

                                                                     Luís Fernando Veríssimo
       Minha esposa e eu temos o segredo pra fazer um casamento durar: duas vezes por semana, vamos a um ótimo restaurante, com uma comida gostosa, uma boa bebida, e um bom companheirismo. Ela vai às terças-feiras, e eu às quintas. Nós também dormimos em camas separadas. A dela é em Fortaleza e a minha em São Paulo. Eu levo minha esposa a todos os lugares, mas ela sempre acha o caminho de volta. Perguntei a ela onde ela gostaria de ir no nosso aniversário de casamento. 'Em algum lugar que eu não tenha ido há muito tempo!' ela disse. Então eu sugeri a cozinha.

       Nós sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras. Ela tem um liquidificador elétrico, uma torradeira elétrica, e uma máquina de fazer pão elétrica. Então ela disse: 'Nós temos muitos aparelhos, mas não temos lugar pra sentar'. Daí, comprei pra ela uma cadeira elétrica. Lembrem-se, o casamento é a causa número um para o divórcio. Estatisticamente, 100 % dos divórcios começam com o casamento. Eu me casei com a 'Sra. Certa'. Só não sabia que o primeiro nome dela era 'Sempre'.

       Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la. Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha. Ela perguntou: 'O que tem na TV?' E eu disse 'Poeira'. No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou. Depois, criou a mulher. Desde então, nem Deus, nem o homem, nem Mundo tiveram mais descanso.

 'Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo. Mas eu sempre acabava tendo outra coisa para cuidar antes: o caminhão, o carro, a pesca, sempre alguma coisa mais importante para mim. Finalmente ela pensou num jeito esperto de me convencer. Certo dia, ao chegar em casa, encontrei-a sentada na grama alta, ocupada em podá-la com uma tesourinha de costura. Eu olhei em silêncio por um tempo, me emocionei bastante e depois entrei em casa.

       Em alguns minutos eu voltei com uma escova de dentes e lhe entreguei.' - Quando você terminar de cortar a grama,' eu disse, 'você pode também varrer a calçada.' Depois disso não me lembro de mais nada. Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida'. 'O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido... Fonte: UOL MAIS. UOL Site. Disponível on-line em: . Acesso em 19-04-2023.

Entendendo o texto

Com base na leitura do texto Desabafo de um Bom marido, leia as questões 1 à 10 e assinale com um (X) a opção correta:

 

 1. No texto Desabafo de um bom marido, o narrador satiriza a relação marido e mulher, utilizando alguns recursos expressivos para criar o efeito humorístico que cativa o leitor. Dentre esses recursos destacamos a quebra de expectativa, em que uma afirmação quebra a expectativa criada por uma afirmação anterior. Esse recurso é observado no trecho:

(A) Minha esposa e eu sempre andamos de mãos dadas. Se eu soltar, ela vai às compras.

(B) Quando o nosso cortador de grama quebrou, minha mulher ficava sempre me dando a entender que eu deveria consertá-lo.

(C) Mas tenho que admitir, a nossa última briga foi culpa minha.

(D) No começo Deus criou o mundo e descansou. Então, Ele criou o homem e descansou.

(E) Os médicos dizem que eu voltarei a andar, mas mancarei pelo resto da vida’.

 

2. A palavra desabafo, no título do texto, anuncia que o marido

(A) analisará o comportamento de um bom marido.

(B) atestará a experiência feliz que é seu casamento.

(C) exaltará o relacionamento entre marido e mulher.

(D) falará dos problemas que enfrenta no casamento

(E) dará conselhos sobre como ser um bom marido.

 

3. A afirmação “Eu me casei com a ‘Sra. Certa’. Só não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.” (linha 04), leva à compreensão de que

(A) a esposa é sempre fiel ao marido.

(B) o marido encontrou a pessoa certa para ele.

(C) a esposa acha que sempre tem razão.

(D) o marido não compreende a esposa.

(E) a esposa é sempre dedicada ao marido.

 

4. No trecho “Já faz 18 meses que não falo com minha esposa. É que não gosto de interrompê-la.’ (linhas 04 e 05), a situação é apresentada de forma exagerada para expressar que

(A) a esposa é uma pessoa que fala demais.

(B) o marido nunca interrompe a fala da esposa.

(C) o marido não fala com a esposa há 18 meses.

(D) não há diálogo entre marido e mulher.

(E) a esposa está ausente há 18 meses.

 

5. Ao podar a grama alta com uma tesourinha de costura, a esposa estava

(A) tentando aliviar o estresse do dia a dia.

(B) limpando o jardim que estava muito sujo.

(C) mostrando ao marido como se apara grama.

(D) provocando o marido que não consertava o aparador de grama. (E) executando uma tarefa doméstica de rotina.

 

6. A resposta do marido à pergunta “O que tem na TV?” (linha 06) causou uma briga entre o casal porque

(A) a pergunta feita pela esposa foi ofensiva.

(B) o marido não entendeu a pergunta da esposa.

(C) a resposta do marido mostrava a indiferença dele em relação à esposa.

(D) o marido aproveitou a ambiguidade da pergunta para provocar a esposa.

(E) a esposa não entendeu a resposta do marido.

 

7. O discurso direto, predominante no texto, é utilizado quando o narrador tem a intenção de

(A) mostrar o marido tentando controlar a esposa.

(B) descrever uma cena do cotidiano do casal.

(C) dar voz ao marido ou à esposa.

(D) tecer considerações sobre o comportamento do casal.

(E) ressaltar que a esposa nunca concorda com o marido.

8. A oração “Quando o nosso cortador de grama quebrou,...” (linha 09) expressa, em relação à oração que a segue, a ideia de

(A) modo.   (B) lugar.   (C) tempo.  (D) causa.  (E) propósito.

  

9. Em relação aos trechos abaixo

 I “Se eu soltar, ela vai às compras.” (linha 01)

 II “Só não sabia que o primeiro nome dela era ‘Sempre’.” (linha 04) III “Já faz 18 meses que não falo com minha esposa.” (linhas 04 e 05) é correto afirmar que as palavras se, só e já expressam, respectivamente,

(A) tempo, condição e restrição.     (B) condição, restrição e tempo.   (C) condição, tempo e restrição.

(D) restrição, condição, tempo.   (E) tempo, restrição e condição.

 

10. O texto enfatiza a ideia de que um bom marido é aquele que

(A) não faz gozação com a esposa.    (B) é prestativo nas atividades domésticas.  (C) faz tudo que a esposa quer.  (D) admite que a esposa sempre tem razão.    (E) não provoca brigas.

 

11. O que você entendeu sobre o texto lido:

________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________

 

|_______________________________________________ //____________________________________________________|

 

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(SEAPE). Leia o texto abaixo.

 

Por que o cachorro foi morar com o homem?

 

O cachorro, que todos dizem ser o melhor amigo do homem, vivia antigamente no meio do mato com seus primos, o chacal e o lobo.

Os três brincavam de correr pelas campinas sem fim, matavam a sede nos riachos e caçavam sempre juntos.

Mas, todos os anos, antes da estação das chuvas, os primos tinham dificuldades para encontrar o que comer. A vegetação e os rios secavam, fazendo com que os animais da floresta fugissem em busca de outras paragens.

Um dia, famintos e ofegantes, os três com as línguas de fora por causa do forte calor, sentaram-se à sombra de uma árvore para tomarem uma decisão.

– Precisamos mandar alguém à aldeia dos homens para apanhar um pouco de fogo – disse o lobo.

– Fogo? – perguntou o cachorro.

– Para queimar o capim e comer gafanhotos assados – respondeu o chacal com água na boca.

– E quem vai buscar o fogo? – tornou a perguntar o cachorro.

– Você! – responderam o lobo e o chacal, ao mesmo tempo, apontando para o cão.

De acordo com a tradição africana, o cão, que era o mais novo, não teve outro jeito, pois não podia desobedecer a uma ordem dos mais velhos. Ele ia ter que fazer a cansativa jornada até a aldeia, enquanto o lobo e o chacal ficavam dormindo numa boa.

O cachorro correu e correu até alcançar o cercado de espinhos e paus pontudos que protegia a aldeia dos ataques dos leões.

Anoitecia, e das cabanas saía um cheiro gostoso. O cachorro entrou numa delas e viu uma mulher dando de comer a uma criança. Cansado, resolveu sentar e esperar a mulher se distrair para ele pegar um tição.

Uma panela de mingau de milho fumegava sobre uma fogueira. Dali, a mulher, sem se importar com a presença do cão, tirava pequenas porções e as passava para uma tigela de barro.

Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão. O bicho, esfomeado, devorou tudo e adorou. Enquanto comia, a criança se aproximou e acariciou o seu pelo. Então, o cão disse para si mesmo:

– Eu é que não volto mais para a floresta. O lobo e o chacal vivem me dando ordens.

Aqui não falta comida e as pessoas gostam de mim. De hoje em diante vou morar com os homens e ajudá-los a tomar conta de suas casas.

E foi assim que o cachorro passou a viver junto aos homens. E é por causa disso que o lobo e o chacal ficam uivando na floresta, chamando pelo primo fujão.

BARBOSA, Rogério Andrade. Disponível em <http://www.ciadejovensgriots.org.br/Contos_Africanos_Infantis/Porque_o_cachorro_foi_

morar_com_o_homem.php>. Acesso em: 5 jul. 2011.

 

No trecho “Quando terminou de alimentar o filho, ela raspou o vasilhame e jogou o resto do mingau para o cão.” (17° parágrafo), o autor, ao utilizar o tempo dos verbos destacados estabelece

A) a conclusão de um fato.   B) a continuidade de uma ação.

C) a possibilidade de ocorrência de um fato.   D) a condução para a realização de uma ação.

 

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(SPAECE). Leia o texto abaixo.

 

O craque sem idade

 

Quando acabou a etapa inicial do jogo Brasil x Paraguai, o placar acusava um lírico, um platônico 0 x 0. Ora, o empate é o pior resultado do mundo. [...] Acresce o seguinte: de todos os empates o mais exasperante é o de 0 x 0. [...]

Súbito, o alto-falante do estádio se põe a anunciar as duas substituições brasileiras: entravam Zizinho e Walter. Foi uma transfiguração. Ninguém ligou para Walter, que é um craque, sim, mas sem a tradição, sem a legenda, sem a pompa de um Ziza. O nome que crepitou, que encheu, que inundou todo o espaço acústico do Maracanã foi o do comandante banguense. Imediatamente, cada torcedor tratou de enxugar, no lábio, a baba da impotência, do despeito e da frustração. O placar permanecia empacado no 0 x 0. Mas já nos sentíamos atravessados pela certeza profética da vitória. Os nossos tórax arriados encheram-se de um ar heroico, estufaram-se como nos anúncios de fortificante.

Eis a verdade: a partir do momento em que se anunciou Zizinho, a partida estava automática e fatalmente ganha. Portanto, público, juiz, bandeirinhas e os dois times podiam ter se retirado, podiam ter ido para casa. Pois bem: veio o jogo. Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha. Nenhum gol, nada. Mas a presença de Zizinho, por si só, dinamizou a etapa complementar, deu-lhe caráter, deu-lhe alma, infundiu-lhe dramatismo. Por outro lado, verificamos ainda uma vez o seguinte: a bola tem um instinto clarividente e infalível que a faz encontrar e acompanhar o verdadeiro craque.

Foi o que aconteceu: a pelota não largou Zizinho, a pelota o farejava e seguia com uma fidelidade de cadelinha ao seu dono. [...]

No fim de certo tempo, tínhamos a ilusão de que só Zizinho jogava. Deixara de ser um espetáculo de 22 homens, mais o juiz e os bandeirinhas. Zizinho triturava os outros ou, ainda, Zizinho afundava os outros numa sombra irremediável. Eis o fato: a partida foi um show pessoal e intransferível.

E, no entanto, a convocação do formidável jogador suscitara escrúpulos e debates acadêmicos. Tinha contra si a idade, não sei se 32, 34, 35 anos. Geralmente, o jogador de  34 anos está gagá para o futebol, está babando de velhice esportiva. Mas o caso de Zizinho mostra o seguinte: o tempo é uma convenção que não existe [...] para o craque. [...] Do mesmo modo, que importa a nós tenha Zizinho dezessete ou trezentos anos, se ele decide as partidas? Se a bola o reconhece e prefere?

No jogo Brasil x Paraguai, ele ganhou a partida antes de aparecer, antes de molhar a camisa, pelo alto-falante, no intervalo. Em último caso, poderá jogar, de casa, pelo telefone.

RODRIGUES, Nelson. Disponível em: <http://goo.gl/OcttjP>. Acesso em: 15 out. 2013. *Adaptado: Reforma Ortográfica. Fragmento.

 

No trecho “Ora, o primeiro tempo caracterizara-se por uma esterilidade bonitinha.” (3° parágrafo), o uso do diminutivo no termo em destaque sugere

A) admiração.  B) deboche.  C) suavidade.  D) tamanho.

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(Itajubá-CE). Leia o texto abaixo.

 

AO APAGAR DAS LUZES

 

Ele tinha decidido, sem nada avisar, sem combinação nenhuma, que naquela noite haveria o grande desvendamento.

Ele ia-se revelar, pronunciar a dura verdade, abrir o peito, rasgar as vestes da postura comida, e abrir as pernas e parir a si mesmo e suas verdades na cara dos demais, Eram uma família normal, uma gente cotidiana, que trabalhava para pagar suas contas, que mantinha um tipo de fidelidade devida antes ao cansaço e à resignação que à lealdade e ao amor.

Pais e filhos, uns casados, outros solteiros, reuniam-se cada domingo assim, para atenderem ao desejo da mãe, à ordem do pai, e à sua própria resignação.

O pai era um homem normal, cumpridor metódico de seus deveres, prazeres poucos, e ao cabo de tantos anos já não sabia direito o que eram seus desejos, se tinha sonhos, se tudo se fundia tia realidade tediosa...

(O Estado de S. Paulo, 10/04/2002)

 

No fragmento acima quem conta a história

a) O pai   b) A mulher   c) O narrador     d) Os filhos

 

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(SAEGO). Leia o texto abaixo.

 

Uma vida melhor que a encomenda

 

[...] Domingo passado, comentei sobre o documentário Eu Maior, em que Rubem Alves também participou [...]. Entre outras coisas, ele contou que certa vez um garoto se aproximou dele para perguntar como havia planejado sua vida para chegar onde chegou, qual foi a fórmula do sucesso. Rubem Alves respondeu que chegou onde chegou porque tudo que havia planejado deu errado. Planejar serve para colocar a pessoa em movimento. Se não houver um objetivo, um desejo qualquer, ela acabará esperando sentada que alguma grande oportunidade caia do céu, possivelmente por merecimento cósmico.

É preciso querer alguma coisa – já alcançar é facultativo, explico por quê. Uma vez determinado o rumo a seguir, entra a melhor parte: abrir-se para os acidentes de percurso. Você que sonha em ser um Rubem Alves, é possível que já tenha começado a escrever num blog (parabéns, pôs-se em ação). No entanto, esses escritos podem conduzi-lo a um caminho que não estava nos planos. Dependendo do conteúdo, seus posts podem levá-lo a um convite para lecionar no interior, [...] a estagiar com um tio engenheiro, a fazer doce pra fora, a pegar a estrada com um amigo e acabar na Costa Rica, onde conhecerá a mulher da sua vida e com ela abrirá uma pousada, transformando-se num empresário do ramo da hotelaria.

Não é assim que as coisas acontecem, emendando uma circunstância na outra?

A vida está repleta de exemplos de arquiteta que virou estilista, [...] estudante de Letras que virou maquiadora, publicitário que virou chef de cozinha, professor que virou dono de pet shop, economista que virou fotógrafo. Tem até gente que almejava ser economista, virou economista, fez uma bela carreira como economista e morreu economista. A vida é surpreendente. Ariano Suassuna largou a advocacia aos 27 anos, João Ubaldo também se formou em Direito, mas nem chegou a exercer o ofício, e Rubem Alves teve até restaurante. Tudo que dá errado pode dar muito certo. A vida joga os dados, dá as cartas, gira a roleta: a nós, cabe apenas continuar apostando.

MEDEIROS, Martha. Disponível em: <http://cadeomeuabraco.blogspot.com.br/>. Acesso em: 22 jul. 2014. Fragmento. 

 

Nesse texto, a expressão “caia do céu” (2° parágrafo) foi usada para

A) ironizar o comportamento das pessoas sonhadoras.

B) mostrar a mudança repentina de atitude das pessoas.

C) reforçar o sentimento de passagem repentina do tempo.

D) sugerir a inércia das pessoas para atingir um objetivo.

 

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(SAEGO). Leia o texto abaixo. 

 

De bem com a vida

 

Filó, a joaninha, acordou cedo.

– Que lindo dia! Vou aproveitar para visitar minha tia.

– Alô, tia Matilde. Posso ir aí hoje?

– Venha, Filó. Vou fazer um almoço bem gostoso.

Filó colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, passou batom cor-de-rosa, calçou os sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto e saiu pela floresta: plecht, plecht...

Andou, andou... e logo encontrou Loreta, a borboleta.

– Que lindo dia!

– E pra que esse guarda-chuva preto, Filó?

– É mesmo! – pensou a joaninha.

E foi para casa deixar seu guarda-chuva. De volta à floresta:

– Sapatinhos de verniz? Que exagero! – Disse o sapo Tatá. Hoje nem tem festa na floresta.

– É mesmo! – pensou a joaninha.

E foi para casa trocar os sapatinhos. De volta à floresta:

– Batom cor-de-rosa? Que esquisito! – disse Téo, o grilo falante. – É mesmo! – pensou a joaninha. De volta à floresta:

– Vestido amarelo com bolinhas pretas? Que feio. Por que não usa o vermelho? – disse a aranha Filomena. – É mesmo! – pensou Filó. E foi para casa trocar de vestido.

Cansada de tanto ir e voltar, Filó resmungava pelo caminho. O sol estava tão quente que a joaninha resolveu desistir do passeio.

Chegando em casa, ligou para tia Matilde.

– Titia, vou deixar a visita para outro dia.

– O que aconteceu, Filó?

– Ah! Tia Matilde! Acordei cedo, me arrumei bem bonita e saí andando pela floresta. Mas no caminho...

– Lembre-se, Filozinha... Gosto de você do jeitinho que você é. Venha amanhã, estarei te esperando com um almoço bem gostoso.

No dia seguinte, Filó acordou de bem com a vida. Colocou seu vestido amarelo de bolinhas pretas, amarrou a fita na cabeça, passou batom cor-de-rosa, calçou seus sapatinhos de verniz, pegou o guarda-chuva preto, saiu andando apressadinha pela floresta plecht, plecht, plecht... e só parou para descansar no colo gostoso da tia Matilde.

RIBEIRO, Nye. De bem com a vida. In: Contos. Nova Escola. Edição especial. p. 51.

 

Nesse texto, o diminutivo na palavra “bolinhas” (5° parágrafo) reforça a ideia de

A) tamanho.  B) inferioridade.   C) deboche.    D) carinho.

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Leia o texto para responder a questão abaixo:          A CHUVA

 

A chuva derrubou as pontes. A chuva transbordou os rios. A chuva molhou os transeuntes. A chuva encharcou as praças. A chuva enferrujou as máquinas. A chuva enfureceu as marés. A chuva e seu cheiro de terra. A chuva com sua cabeleira. A chuva esburacou as pedras. A chuva alagou a favela. A chuva de canivetes. A chuva enxugou a sede. A chuva anoiteceu de tarde. A chuva e seu brilho prateado. A chuva de retas paralelas sobre a terra curva. A chuva destroçou os guarda-chuvas. A chuva durou muitos dias. A chuva apagou o incêndio. A chuva caiu. A chuva derramou-se. A chuva murmurou meu nome. A chuva ligou o pára-brisa. A chuva acendeu os faróis. A chuva tocou a sirene. A chuva com a sua crina. A chuva encheu a piscina. A chuva com as gotas grossas. A chuva de pingos pretos. A chuva açoitando as plantas. A chuva senhora da lama. A chuva sem pena. A chuva apenas. A chuva empenou os móveis. A chuva amarelou os livros. A chuva corroeu as cercas. A chuva e seu baque seco. A chuva e seu ruído de vidro. A chuva inchou o brejo. A chuva pingou pelo teto. A chuva multiplicando insetos. A chuva sobre os varais. A chuva derrubando raios. A chuva acabou a luz. A chuva molhou os cigarros. A chuva mijou no telhado. A chuva regou o gramado. A chuva arrepiou os poros. A chuva fez muitas poças. A chuva secou ao sol.

 

Todas as frases do texto começam com "a chuva". Esse recurso é utilizado para

(A) provocar a percepção do ritmo e da sonoridade.

(B) provocar uma sensação de relaxamento dos sentidos.

(C) reproduzir exatamente os sons repetitivos da chuva.

(D) sugerir a intensidade e a continuidade da chuva.

 

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(Equipe PIP). Leia o texto abaixo.        A gansa dos ovos de ouro

(Fábula de Esopo recontada por Ana Maria Machado)

 

Era uma vez um casal de camponeses que tinha uma gansa muito especial. De vez em quando, quase todo dia, ela botava um ovo de ouro. Era uma sorte enorme, mas em pouco tempo ele começaram achar que podiam ficar muito mais ricos se ela pusesse um ovo daqueles por hora ou a todo momento que eles quisessem. Falavam nisso sem parar, imaginando o que fariam com tanto ouro.

- Que bobagem a gente ficar esperando que todo dia saia dessa gansa um pouquinho... Ela deve ter dentro dela um jeito especial de fabricar ouro. Isso era o que a gente precisava.

- Isso mesmo. Deve ter uma maquininha, um aparelho, alguma coisa assim. Se a gente pegar pra nós, não precisa mais da gansa.

- E... Era melhor ter tudo de uma vez. E ficar muito rico.

E resolveram matar a gansa para pegar todo o ouro.

Mas dentro não tinha nada diferente das outras gansas que eles já tinham visto – só carne, tripa, gordura...

E eles não pegaram mais ouro. Nem mesmo ganharam um ovo de ouro, nunca mais.

 

A palavra Isso marcada no texto se refere a:

(A) Um pouquinho de tempo de que o casal precisava para cuidar da gansa.  

(B) A bobagem de achar que dentro da gansa tinha ouro.

(C) Um modo de produzir ouro.

(D) Uma maneira menos cruel de matar a gansa.

 

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(SAEMS). Leia o texto abaixo.                   Domingo em Porto Alegre

(Fragmento)

 

Enquanto Luiza termina de pôr a criançada a jeito, ele confere o dinheiro que separou e o prende num clipe. Tudo em ordem para o grande dia. Passa a mão na bolsa das merendas e se apresenta na porta do quarto.

─ Tá na hora, pessoal.

─ Já vai, já vai, - diz a mulher.

Mariana quer levar o bruxo de pano, Marta não consegue afivelar a sandalinha, Marietinha quer fazer xixi e Luiza se multiplica em torno delas.

─ Espero vocês lá em baixo.

Luiza se volta.

─ Por favor, vamos descer todos juntos.

Todos juntos, como uma família, papai e mamãe de braços dados à frente do pequeno cortejo de meninas de tranças.

─ Chama um carro – o passeio de táxi também faz parte do domingo. As meninas vão com a mãe no banco de trás. Na frente, ele espicha as pernas, recosta a nuca, que conforto um automóvel e o chofer não é como o do ônibus, mudo e mal-humorado, e até puxa conversa.

─ Dia bonito, não?

─ Pelo menos isso.

─ É, a vida tá dureza...

Dureza é apelido e do Alto Petrópolis ao Bom Fim viajam nesse tom, tom de domingo e na sua opinião não é verdade que esse país já tá com a vela?

Na calçada, Luiza lhe passa o braço e comenta que o choferzinho era meio corredor. Ele concorda e acha também que era meio comunista.

E caminham.

Nas vitrinas do Bom Fim vão olhando os ternos da sala, as mesinhas de centro, os quartos que sonham comprar um dia. Luiza se encanta num abajur dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona azul. E caminham. [...]

FARACO, Sérgio. Majestic hotel. Porto Alegre: L&PM, 1991, p. 47.

 

O uso da palavra chofer (9° parágrafo) no diminutivo revela um tom de

A) confiança.

B) desprezo.

C) intimidade.

D) nervosismo.

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(SAEMS). Leia o texto abaixo e responda.

 

Grampo na linha

 

Me grampearam! A voz era cavernosa:

– Senhor Domingos?

– Sim.

– Nós grampeamos seu telefone.

– O quê? Quem está falando?

– O senhor vai receber a fita já-já.

Desligou, e eu ainda estava pensando quem poderia me passar um trote assim, tocou a campainha. Era um mototaxista, que nem tirou o capacete:

– Senhor Domingos? Para o senhor.

Me deixou nas mãos uma caixinha e se foi. Abri, é uma fita que começa com a voz cavernosa avisando: você vai ouvir agora trechos selecionados de algumas conversas ao telefone. Ouça bem se não são conversas com-pro-me-te-do-ras... – a voz solta amplas reticências, em seguida vêm as gravações: [...]

Conspiração

– Pellegrini?– Não, o papa! Você não ligou pro Vaticano? Sabe que hora é?

– Certo, certo... (Atenção – a voz cavernosa interrompe a conversa. – É claro que essa história de papa e Vaticano é uma senha, pois o assunto é grave, é coisa de sociedade secreta ou grupo terrorista! E continua a conversa... [...]

– Hein, Pellegrini? – a voz cavernosa e vitoriosa. – Quanto acha que vale essa fita? E o que acha que a gente devia fazer com ela?...

PELLEGRINI, Domingos. Ladrão que rouba ladrão e outras crônicas. In: Para gostar de ler. São Paulo: Ática, 2005. V. 33. * Adaptado:Reforma Ortográfica.

 

Nesse texto, a escrita da palavra “com-pro-me-te-do-ras” (9° parágrafo) sugere

A) crítica.   B) gravidade.   C) hesitação.   D) musicalidade.

 

------------------------------------------------------------------- (PAEBES). Leia o texto abaixo.

 


Porquinho-da-índia

Quando eu tinha seis anos

Ganhei um porquinho-da-índia.

Que dor de cabeça me dava

Porque o bichinho só queria estar debaixo do fogão!

Levava ele pra sala

Pra os lugares mais limpinhos

Ele não gostava:

Queria era estar debaixo do fogão.

Não fazia caso nenhum das minhas ternurinhas...

– O meu porquinho-da-índia foi a minha primeira namorada.


BANDEIRA, Manuel. Libertinagem & Estrela da manhã. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

No poema, o uso dos diminutivos “porquinho” (v. 2), “bichinho” (v. 4), “limpinhos” (v. 6) e “ternurinhas” (v. 9) indica

A) afetividade.   B) deboche.   C) desconsideração.      D) insatisfação.

 

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(SPAECE). Leia os textos abaixo.

NEVES, Libério. Pedra solidão. Belo Horizonte: Movimento Perspectiva, 1965.

 

 A disposição das últimas palavras desse texto sugerem

A) dor.   B) giro.   C) queda.    D) volta.

 

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(SAEPI). Leia o texto abaixo.

Barba Ruiva

 

Aqui está a lagoa de Paranaguá, limpa como um espelho e bonita como noiva enfeitada.

Espraia-se em quinze quilômetros por cinco de largura, mas não era, tempo antigo, assim grande, poderosa como um braço de mar. Cresceu por encanto cobrindo mato e caminho, por causa do pecado dos homens.

Nas salinas, ponta leste do povoado de Paranaguá, vivia uma viúva com três filhas. O rio Fundo caía numa lagoa pequena no meio da várzea.

Um dia, não se sabe como, a mais moça das filhas da viúva adoeceu e ninguém atinava com a moléstia. Ficou triste e pensativa.

Estava esperando menino e o namorado morrera sem ter ocasião de levar a moça ao altar.

Chegando o tempo, descansou a moça nos matos e querendo esconder a vergonha, deitou o filhinho num tacho de cobre e sacudiu-o dentro da lagoa.

O tacho desceu e subiu logo, trazido por uma Mãe-d’Água, tremendo de raiva na sua beleza feiticeira. Amaldiçoou a moça que chorava, e mergulhou.

As águas foram crescendo, subindo e correndo, numa enchente sem fim, dia e noite, alagando, encharcando, atolando, aumentando sem cessar, cumprindo uma ordem misteriosa. Tomou toda a várzea, passando por cima das carnaubeiras e buritis, dando onda como maré de enchente na lua.

Ficou a lagoa encantada, cheia de luzes e de vozes. Ninguém podia morar na beira, porque, a noite inteira, subia do fundo d’água um choro de criança, como se chamasse a mãe para amamentar.

Ano vai e ano vem, o choro parou e, vez por outra, aparecia um homem moço, airoso, muito claro, menino de manhã, com barbas ruivas ao meio-dia e barbado de branco ao anoitecer.

Muita gente o viu e tem visto. Foge dos homens e procura as mulheres que vão bater roupa. Agarra-as só para abraçar e beijar. Depois, corre e pula na lagoa desaparecendo.

Nenhuma mulher bate roupa e toma banho sozinha, com medo do Barba Ruiva. Homem de respeito, doutor formado tendo encontrado o Filho da Mãe-d’Água, perde o uso de razão, horas e horas.

Mas o Barba Ruiva não ofende a ninguém. Corre sua sina nas águas de Paranaguá, perseguindo mulheres e fugindo dos homens.

Um dia desencantará. Se uma mulher atirar na cabeça dele água benta e um rosário indulgenciado. Barba Ruiva é pagão e deixa de ser encantado sendo cristão.

CASCUDO, Luís Câmara. Lendas brasileiras. Rio de Janeiro: Ediouro, 2000. p. 39-40.

 

No trecho “As águas foram crescendo, subindo e correndo...” (8° parágrafo), a ordem em que as palavras destacadas aparecem nesse texto sugere

A) exagero.   B) gradação.    C) oposição.   D) repetição.

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(SAEPI). Leia o texto abaixo e responda.

 

Nino quer um AMIGO

 

– Nino, por que você está sempre tão sério e cabisbaixo?

Nino vivia triste. Ele se sentia sozinho. Ninguém queria ser amigo dele. Pobre menino.

Um dia, na praia, ele ficou esperançoso de encontrar um amigo.

– Ah, um menino. Quem sabe..., e tentou chegar perto dele. Mas o menino virou para o lado, cavou um buraco.

E ainda jogou areia no Nino. Coitado dele. [...] Até que um dia, ele tinha desistido de procurar.

Pensando em por que quanto mais tentava encontrar um amigo, mais sozinho se sentia...

Ficou distraído, pensando, e adormeceu.

Quando acordou, olhou-se no espelho.

Enquanto escovava os dentes, percebeu que fazia muitas caretas. Achou engraçado. Enxugou a boca e continuou brincando com o espelho. Era riso daqui, riso de lá. Era língua do Nino e língua do espelho. Piscadela aqui, piscadela ali. Começou ali uma verdadeira folia. Era um jogo de reconhecimento entre Nino e sua imagem no espelho. E não é que Nino era bem engraçadinho? Ele mesmo nunca tinha reparado nisso antes.

Que cara legal era o Nino.  Que garoto charmoso, bem-humorado!

Nino ficou encantado com seu espelho.

Fez-se ali uma grande amizade.

E, depois dessa amizade, surgiram muitas outras.

Nino hoje é um cara cheio de grandes amigos. Incluindo ele mesmo.

Valeu, Nino.

CANTON, Kátia. Nova Escola. v. 4, 2007.

 

Nesse texto, no trecho “E não é que Nino era bem engraçadinho?” (14° parágrafo), a palavra destacada foi empregada no diminutivo para indicar

A) afetividade.  B) desprezo.   C) ironia.   D) tamanho.

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(SEAPE). Leia o texto abaixo.

 

BROWNE, Dik. O melhor de Hagar, o Horrível. v. 3. Porto Alegre: L&PM, 2008. p. 54.

 

No quarto quadrinho, no trecho “O pobrezinho não entende”, a palavra destacada sugere

A) carinho. B) crítica. C) deboche.  D) impaciência.

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Leia o texto abaixo.

Patricinhas do skate

 

De unhas pintadas e roupas da moda, elas enterram o estereótipo rebelde

 

Você deve ter se deparado com uma delas. Estão sempre de unhas pintadas, cabelo arrumado, calça de cintura baixa e camiseta baby look. Nas mãos, o longboard a versão mais comprida do skate tradicional. Sim, essas princesinhas estão se fazendo notar por aí.

Por muito tempo, o visual das skatistas foi propositalmente desleixado. Usavam camisetas de bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge com um ar rebeldezinho. Agora, as novas skatistas têm cara de saudáveis, roupas limpinhas e pouca afinidade com as manobras radicais do skate.Não é porque eu estou andando de skate que vou mudar meu estilo, diz Mitzi Iannibelli, 18, que adora reggae e faz as unhas toda semana – “sempre quadradas e sem cutícula’’. Mitzi se diz adepta do estilo mulherzinha, que ela define comoshort com a barriga de fora e camisa baby look’’.

Recém-formada em estilismo, Amanda Assunção, 21, também critica o guarda-roupa rebelde:Aquelas roupas grunges não tem nada a ver. Não gosto de estar largadona’’, diz, ajeitando o colar de pedrinhas azuis no pescoço.

O que se nas ruas chama atenção das lojas especializadas. Na Kelly Connection, na Galeria River (Arpoador), de cada 10 skates vendidos, 7 são comprados por mulheres.

É impressionante como tem menina começando’’, diz Nathalia Despinoy, 29, dona da loja e skatista amadora. Segundo afirma, houve uma mudança notável no perfil das skatistas:Elas têm um envolvimento menor com o esporte, não usam nada muito louco, nada grunge.’’

As novas skatistas divergem de suas antecessoras até no gosto musical. Dead Kennedys e Pennywise não têm mais lugar no porta-CDs, que guarda agora discos de Bob Marley, Billie Hollyday, Natiruts, Cássia Eller e Marisa Monte. Além do visual e da música, as longboarders têm uma relação menos profissional com o skate, em que a performance não é tão importante. Isabelle Valdes, 21, gosta de descer as Paineiras no seu long. Mas não faz pose e assume que encara a versão light da descida. de cimão, eu ainda não tenho coragem’’, diz.

Jornal do Brasil. Disponível em: <http://quest1.jb.com.br/jb/papel/cadernos/domingo/2001/07/07/jordom20010707005.html>Acesso em: 08 jul. 2001.

 

No trechoUsavam camisetas de bandas hardcore, bermudões no joelho e tênis rasgados, que misturavam o estilo grunge com um ar rebeldezinho.(2° parágrafo), o diminutivo é utilizado com o intuito de

A) demonstrar ternura e afeto pelas garotas que se vestem desse modo.

B) fazer uma crítica às garotas que se vestem como rebeldes, mas não são.

C) identificar as patricinhas skatistas como sendo mais saudáveis e limpas.

D) indicar uma progressão de alguém novato para outro mais experiente.

 

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(SARESP – 2010). LEIA O TEXTO A SEGUIR E RESPONDA:             O MÁGICO ERRADO

 

Arquibaldo era um mágico. Exatamente. Um homem capaz de realizar maravilhas. Ou de maravilhar outras pessoas, se preferir. Mas havia um probleminha. E probleminha é modo de dizer, porque ele achava um proble-mão. Arquibaldo era um mágico diferente. Um mágico às avessas, sei lá como dizer. Esse era o problema de Arquibaldo. Ele não sabia. Não conseguia, por mais que se concentrasse. Ele tirava bichos da cartola e do lenço. Era capaz de passar o dia inteirinho tirando bichos. Mas, se falasse: "Vou tirar..." Pronto! Tirava tudo que era bicho, menos o bicho anunciado. Por isso, andava tristonho da vida.

Arquibaldo recordava-se dos espetáculos no circo. Embora preferisse nem lembrar. O apresentador apresentava com ar solene e voz emocionada.

— E agora, com vocês, Ar-qui-bal-do, o maior mágico do mundo!

Fonte: GALDINO, Luiz. O mágico errado. São Paulo: FTD, 1996. Adaptado. Fonte: SARESP, 2010.

 

Observe: “— E agora, com vocês, Ar-qui-bal-do, (último parágrafo) o maior mágico do mundo!”

A palavra grifada foi dividida em sílabas para

(A) imitar o modo como o apresentador fala em circo. (B) explicar direito como se pronuncia o nome Arquibaldo.

(C) criar uma dúvida sobre os poderes do mágico. (D) indicar que a mágica será muito perigosa.

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Leia o texto abaixo e responda:

Para mostrar a diminuição da luz, o autor do poema

(A) deixou a palavra diminuindo cada vez mais clara, até que ela sumisse por completo.

(B) escreveu apenas uma letra da palavra diminuindo e foi acrescentando mais letras, até que a palavra aparecesse por completo.

(C) foi reduzindo a palavra diminuindo até que suas letras ficassem todas grudadas.

(D) começou escrevendo a palavra diminuindo completa e foi retirando letra por letra, até que restasse apenas a primeira letra da palavra.

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(3ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto abaixo e responda.

 

Belém do Pará

Bembelelém!

Viva Belém!

 

Belém do Pará porto moderno integrado na equatorial

 

Beleza eterna da paisagem

Bembelelém!

Viva Belém!

 

Cidade pomar

(Obrigou a polícia a classificar um tipo novo de delinqüente: O apedrejador de mangueiras)

 

Bembelelém!

Viva Belém!

 

Belém do Pará onde as avenidas se chamam Estradas:

Estrada de São Jerônimo

Estrada de Nazaré (...)

BANDEIRA, Manuel. Os melhores poemas de Manuel  Bandeira.SeleçãoFrancisco de Assis Barbosa. São Paulo: Global.1984.p.78.

 

As palavras “Bembelelém, Belém”, com repetição de sons semelhantes sugerem

A) brincadeira com palavras.   B) evocação do repicar de sinos.

C) homenagem a Belém do Pará.  D) leveza da estrutura do poema.

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(3ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto responda.

 

Direitos da criança e do adolescente

 

Toda criança e o adolescente tem direito à proteção e à saúde, mediante a efetivação de políticas sociais públicas.

Toda criança e o adolescente tem direito à liberdade, ao respeito e à dignidade como pessoas humanas.

Toda criança e o adolescente tem direito a ser criado e ser educado no sei de sua família.

Toda criança e o adolescente tem direito à educação. Visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa.

Toda criança e o adolescente terá acesso às diversões e espetáculos públicos como adequados a sua faixa etária. 

Texto adaptado do ECA/CEDCA-GO 2002

 

 

Usando o termo “Toda” no início de cada frase, o texto

(A) enfatiza a idéia de universalidade.  (B) estabelece independência com o termo “criança”.

(C) estabelece maior vínculo com o leitor. (D) faz uma repetição sem necessidade.

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(2ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto abaixo e responda.

 

Domingo em Porto Alegre

 

Enquanto Luiza termina de por a criançada a jeito, ele confere o dinheiro que separou e o prende num clipe. Tudo em ordem para o grande dia. Passa a mão na bolsa das merendas e se apresenta na porta do quarto.

— Tá na hora, pessoal.

— Já vai, já vai, - diz a mulher.

Mariana quer levar o bruxo de pano. Marta não consegue afivelar a sandalinha, Marietinha quer fazer xixi e Luiza se multiplica em torno delas.

— Espero vocês lá em baixo.

Luiza se volta.

— Por favor, vamos descer todos juntos.

Todos juntos, como uma família, papai e mamãe de braços dados à frente do pequeno cortejo de meninas de tranças.

— Chama um carro —  o passeio de táxi também faz parte do domingo. As meninas vão com a mãe no banco de trás. Na frente, ele espicha as pernas, recosta a nuca. Que conforto um automóvel! E o chofer não é como o do ônibus, mudo e mal-humorado, e até puxa conversa.

— Dia bonito, não?

— Pelo menos isso.

— É, a vida tá dureza...

Dureza é apelido. E do Alto Petrópolis ao Bom Fim viajam nesse tom, tom de domingo. E na sua opinião não é verdade que esse país já tá com a vela?

Na calçada, Luiza lhe passa o braço e comenta que o choferzinho era meio corredor. Ele concorda e acha também que era meio comunista.

— E caminham.

— Nas vitrinas do Bom Fim vão olhando os ternos da sala, as mesinhas de centro, os quartos que sonham comprar um dia. Luiza se encanta num abajur dourado, que lindo, ficaria tão bem ao lado da poltrona azul. E caminham. (...)

FARACO, Sérgio. Majestic hotel. Porto Alegre: L&PM, 1991,p.47

 

No trecho “... o choferzinho era meio corredor.”, a palavra destacada revela um tom de

A) confiança.  B) desprezo.   C) intimidade.   D) carinho.

 

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(1ª P.D – SEDUC-GO). Leia o texto abaixo e, a seguir, responda.

 

O último poema

Manuel Bandeira

Assim eu quereria o meu último poema. Que fosse terno dizendo as coisas mais simples e menos intencionais Que fosse ardente como um soluço sem lágrimas Que tivesse a beleza das flores quase sem perfume A pureza da chama em que se consomem os diamantes mais límpidos A paixão dos suicidas que se matam sem explicação.

Disponível em http://www.celipoesias.net/manuel-bandeira/poesia1.htm, acessado em 07 de novembro de 2012.

 

A repetição do termo que no 2º, 3º e 4º versos do poema, produz o efeito de

(A) ênfase   (B) continuidade  (C) dúvida.    (D) hesitação.

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(SAEPI). Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://www.tirascalvin.com.br>. Acesso em: 12 mar. 2010.

 

A expressão “AHHH!!”, no terceiro quadrinho, demonstra

A) alegria.  B) animação. C) dúvida.  D) susto.

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(Ibajara- CE). Leia o texto e responda à questão.

Era a primeira vez que eu pisava naquele lugar. Nas minhas andanças pelas redondezas, jamais fora além do vale. Mas nesse dia, sem nenhum cansaço, transpus a colina e cheguei ao campo. Que calma! E que desolação. Tudo aquilo – disso estava bem certa – era completamente inédito pra mim. Mas por que então o quadro se identificava, em todas as minúcias, a uma imagem semelhante lá nas profundezas da minha memória?

Voltei-me para o bosque que se estendia à minha direita. Esse bosque eu também já conhecera com sua folhagem cor de brasa dentro de uma névoa dourada. “Já vi tudo isto, já vi... Mas onde? E quando?”

Na frase “Já vi tudo isso, já vi... Mas onde?” o uso das reticências sugere

(A) impaciência.  (B) impossibilidade.   (C) incerteza.   (D) irritação.

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(Ibajara- CE). Leia o trecho:

— As árvores se comunicam entre si, não importa a distância. Na verdade, nenhuma árvore está sozinha. Ninguém está sozinho.  Jamais. Lembre-se disso.

 

No trecho “Ninguém está sozinho. Jamais. Lembre-se disso. “as frases curtas produzem o efeito de

A) continuidade.   B) dúvida.   C) ênfase.  D) hesitação.

 

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(SADEAM). Leia o texto abaixo.

Disponível em: <http://meninomaluquinho.com.br>. Acesso em: 10 set. 09.

 

No primeiro quadrinho desse texto, a palavra “FO FO CA” dividida em sílabas sugere que a menina

A) desconhecia a palavra. B) enfatizou a palavra.  C) gaguejou a palavra.  D) sussurrava palavra.

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PRODUÇAO TEXTUAL

TEMA: Desvalorização do professor na atualidade.

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