Atividade de Interpretação de Texto – Crônica
Leia o texto e responda às questões.
As árvores são todas nossas Luís Fernando Verissimo
A prefeitura resolveu cortar as árvores da rua para alargar
a via. Protestamos. Árvores antigas, lindas, sombra garantida no verão. Não
adiantou.
Um dia, ao chegarmos do trabalho, lá estavam os troncos no
chão. Restavam apenas os tocos mutilados. Indignados, escrevemos uma carta
furiosa à prefeitura. Ninguém respondeu.
No dia seguinte, colocamos faixas nas sacadas: “Salvem as
árvores!”, “Queremos sombra, não concreto!”.
Na outra semana, plantamos mudas novas no canteiro. As crianças ajudaram.
Passaram-se meses. As mudas viraram árvores pequenas, mas
verdes e esperançosas. A rua estava mais bonita. As pessoas passaram a cuidar
delas.
Um dia, recebemos um aviso: as mudas seriam retiradas.
Estavam fora do projeto urbano.
Decidimos resistir. Nossas árvores, nossa rua.
E assim, na calada da noite, nos revezamos em vigílias.
Colocamos plaquinhas com os nomes das árvores: “Dona Amélia”, “Seu Joaquim”,
“Tia Rosa”.
Elas passaram a fazer parte da vizinhança.
No fim, a prefeitura cedeu. As árvores ficaram. Às vezes,
uma sombra é mais forte que o concreto.
Fonte: Livro Comédias da Vida Privada (Editora
L&PM, 1994)
1. O tema central da crônica é:
a) O progresso urbano inevitável.
b) O valor da natureza e da resistência cidadã.
c) O corte necessário de árvores antigas.
d) A lentidão dos serviços públicos
2. A expressão “Nossas árvores, nossa rua” transmite:
a) Uma ordem à prefeitura.
b) A falta de autoridade legal dos moradores.
c) O sentimento de posse e pertencimento dos moradores.
d) Uma denúncia formal.
3. Qual foi a primeira atitude concreta dos moradores em
protesto ao corte das árvores?
a) Plantaram mudas novas.
b) Escreveram uma carta furiosa à prefeitura.
c) Colocaram faixas nas sacadas.
d) Realizaram uma manifestação na rua.
4. O tom predominante na crônica é:
a) Cômico e irônico.
b) Informativo e impessoal.
c) Dramático e acusatório.
d) Sensível e crítico.
5. O trecho “Às vezes, uma sombra é mais forte que o
concreto” é um exemplo de:
a) Ironia.
b) Metáfora.
c) Hipérbole.
d) Comparação literal.
6. A crônica utiliza personagens coletivos como “os
moradores” e “a prefeitura” com o objetivo de:
a) Individualizar a narrativa.
b) Criar suspense.
c) Representar lados em conflito.
d) Apontar culpados com precisão.
7. As plaquinhas com nomes como “Dona Amélia” e “Seu
Joaquim” são exemplos de:
a) Intertextualidade.
b) Personificação.
c) Ironia.
d) Enumeração.
8. O que motivou a decisão da prefeitura de cortar as
árvores?
a) Reduzir custos de manutenção.
b) Alargar a via.
c) Eliminar focos de dengue.
d) Construir ciclovias.
9. A mudança na atitude dos moradores ao longo do texto
indica:
a) Aceitação da decisão oficial.
b) Crescimento da apatia popular.
c) Envolvimento e consciência coletiva.
d) Submissão à ordem urbana.
10. O final da crônica sugere:
a) Uma derrota dos moradores.
b) Um final aberto e ambíguo.
c) Uma vitória simbólica da coletividade.
d) A destruição das árvores remanescentes.
11. Qual é a crítica social presente na crônica?
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12. O autor dá voz aos moradores sem usar diálogos diretos.
Como essa escolha contribui para o tom do texto?
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13. Releia o trecho: “As mudas viraram árvores
pequenas, mas verdes e esperançosas.” O que o autor quis sugerir com o
uso da palavra “esperançosas”?
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14. Por que o título da crônica é adequado ao conteúdo?
Relacione-o ao desfecho do texto.
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15. Escreva um pequeno parágrafo (5 a 6 linhas) explicando
como essa crônica pode nos inspirar a lutar por causas que consideramos
importantes.
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Gabarito:
1. b) O valor da natureza e da resistência cidadã.
2. c) O sentimento de posse e pertencimento dos
moradores.
3. b) Escreveram uma carta furiosa à prefeitura.
4. d) Sensível e crítico.
5. b) Metáfora.
6. c) Representar lados em conflito.
7. b) Personificação.
8. b) Alargar a via.
9. c) Envolvimento e consciência coletiva.
10. c) Uma vitória simbólica da coletividade.
11. Crítica social:
A crônica critica o desrespeito das autoridades públicas pela opinião da
população e pela preservação ambiental, destacando a desconexão entre decisões
burocráticas e o bem-estar coletivo.
12. Ausência de diálogos
diretos:
Ao não usar falas diretas, o autor reforça o tom coletivo e impessoal da luta
dos moradores, dando mais ênfase à ação conjunta do grupo do que à fala
individual de personagens.
13. Uso de “esperançosas”:
A palavra “esperançosas” sugere que as árvores representavam uma renovação, não
só da paisagem, mas também da esperança dos moradores em mudar a realidade por
meio da união.
14. Relação do título com o
conteúdo:
O título reforça a ideia de pertencimento. Ao dizer que “as árvores são todas
nossas”, o autor mostra que elas são parte da identidade da comunidade, o que
se confirma no final com a permanência delas após a resistência dos moradores.
15. Parágrafo de reflexão:
Esta crônica mostra que pequenas ações coletivas podem gerar grandes mudanças.
Mesmo sem poder formal, os moradores conseguiram preservar o que era importante
para eles. Isso nos inspira a não desistir de lutar por causas justas, pois a
união e a persistência podem vencer até decisões oficiais.
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