quarta-feira, 4 de junho de 2025

SIMULADÃO PREPARATÓRIO PARA AVALIAÇÕES EXTERNAS 02

 

SIMULADÃO 02

LÍNGUA PORTUGUESA DO 6° AO 9° ANO

 SIMULADÃO PREPARATÓRIO PARA AVALIAÇÕES EXTERNAS 02

 

Pesquisa: A televisão e você

              Carlos Alberto Di Franco

 Pesquisa realizada pelo Jornal da Tarde nos dias 12 e 13 de junho comprovou que a televisão, por falta de conteúdo e pela pragmática estratégia de que conquistará audiência com cenas de violência e sexo pesado, se transformou num contínuo clip, assanhado e desregrado, em que as imagens deixaram de se relacionar diretamente com o que está sendo dito, espelho de sua indigência conceitual.

        A pesquisa abrangeu 14 horas de programação, das 8 às 22 horas, incluindo comerciais e programas jornalísticos. Foram analisadas sete emissoras de sinal aberto (Bandeirantes, CNT, Cultura, Globo, Manchete, Record e SBT) e cinco canais por assinatura (Cartoon Network, Fox, HBO, Telecine e TNT). Os canais pagos apresentaram os maiores índices de cenas de violência. Em relação a sexo, drogas e comportamentos antissociais, o ranking ficou dividido entre as emissoras de sinal aberto e as TVs por assinatura.

        Em fevereiro de 1991, na véspera da entrada em vigor do Código de Ética da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão (Abert), afirmei que a televisão dava um passo importante em direção ao profissionalismo e aos seus deveres éticos e sociais. O código, uma resposta voluntária e sem tutela governamental aos apelos da sociedade, indicava um esforço de responsabilidade editorial por parte da TV brasileira. Defendi, então, um crédito de confiança ao trabalho da Abert.

        Frustrou-se a minha expectativa. O documento, na opinião de inúmeros telespectadores, é um jogo de faz-de-conta. Para verificar a esquizofrenia entre o discurso e a prática não é necessário enfrentar uma noite insone. Basta recorrer à programação da tarde. Segundo a pesquisa do JT, grande parte das cenas é levada ao ar em horários em que o público é predominantemente infantil. A sociedade, atônita e inerte, assiste a uma escalada de corrupção light de menores. A passividade é, de longe, a pior sequela dos 20 anos de ditadura. A cidadania morre na garganta. E a lei não sai do papel.

        O artigo 5°, inciso IX, da Constituição diz que é livre a expressão da atividade intelectual, artística, científica e de comunicação, independentemente de censura ou licença. Esquece-se, no entanto, que essa mesma Constituição determina enfaticamente no seu artigo 221, inciso IV, que as emissoras de rádio e televisão respeitem “os valores éticos e sociais da pessoa e da família”. O direito à liberdade de expressão, inerente à democracia, nada tem que ver com o auê que invadiu a tela mágica. (...)

        Sobram lamúrias, mas faltam iniciativas. Documentos de auto-regulamentação, sérios e operativos, estão aí. Basta invoca-los. Qualquer cidadão pode recorrer ao Código de Defesa do Consumidor ou descobrir as possibilidades do excelente Código de Auto-Regulamentação Publicitária. Por que não tentar a sinceridade d Abert? Você, caro telespectador, já pensou, por exemplo, na eficácia de uma carta dirigida a um jornal ou de um simples telefonema a um anunciante?

        Como salientou Millôr Fernandes, armado de afiada ironia, “Cidadão, num país em que não há qualquer cidadania, passou a significar só cidade grande”. A observação é aguda e dramática. Padecemos de conformismo crônico. Mas atitudes letárgicas não costumam favorecer a liberdade. É preciso fugir do anonimato e exercer os direitos do consumidor. Não clame por censura. Ela é ilusória e, frequentemente, perniciosa. Exija qualidade. Instrumentos não faltam. Talvez, caro leitor, só falte você.

O Estado de S. Paulo, 8 jul. 1996. Fonte: Português – Linguagem & Participação, 6ª Série – MESQUITA, Roberto Melo/Martos, Cloder Rivas – Ed. Saraiva, 1ª edição – 1998, p. 168-9.

Questões:

Texto base: A televisão e você – Carlos Alberto Di Franco

1. (D1 – Localizar informações explícitas no texto)
De acordo com o texto, quais emissoras apresentaram os maiores índices de cenas de violência?
A) Emissoras de sinal aberto
B) Emissoras educativas
C) Canais por assinatura
D) Canais jornalísticos

2. (D2 – Inferir uma informação implícita no texto)
A expressão “a cidadania morre na garganta” indica:
A) A valorização da liberdade de expressão
B) O medo da sociedade em enfrentar a televisão
C) A ineficácia das leis brasileiras
D) A omissão das pessoas diante das irregularidades

3. (D3 – Identificar o tema do texto)
O tema central do texto é:
A) O avanço da tecnologia televisiva
B) A importância dos direitos autorais
C) A crítica ao conteúdo da televisão e à passividade da sociedade
D) O crescimento da TV a cabo

4. (D4 – Estabelecer relações entre partes do texto)
O trecho “frustrou-se a minha expectativa” está relacionado:
A) Ao conteúdo violento das emissoras por assinatura
B) À omissão do Código de Defesa do Consumidor
C) Ao não cumprimento do Código de Ética das emissoras
D) À ausência de canais educativos na programação

5. (D5 – Identificar o efeito de sentido decorrente do uso da pontuação)
No trecho “A cidadania morre na garganta. E a lei não sai do papel”, o ponto seguido de conjunção “E” produz o efeito de:
A) Suspender a ideia anterior, criando surpresa
B) Reforçar a continuidade de um argumento crítico
C) Interromper o raciocínio com humor
D) Contrapor os dois fatos com ironia

6. (D6 – Distinguir fato de opinião)
Em qual das alternativas o autor expressa uma opinião?
A) “A pesquisa abrangeu 14 horas de programação...”
B) “Os canais pagos apresentaram os maiores índices de cenas de violência.”
C) “O direito à liberdade de expressão, inerente à democracia...”
D) “A passividade é, de longe, a pior sequela dos 20 anos de ditadura.”

7. (D7 – Reconhecer o uso de recursos coesivos)
No trecho “Por que não tentar a sinceridade da Abert?”, o autor retoma:
A) O elogio à programação infantil
B) A proposta de recorrer ao Código de Ética
C) A atuação do governo em censurar programas
D) A crítica aos anunciantes e jornais

8. (D8 – Interpretar figuras de linguagem)
A expressão “o auê que invadiu a tela mágica” representa:
A) A entrada do jornalismo investigativo na TV
B) A valorização dos programas culturais
C) A banalização de conteúdos sensacionalistas
D) A chegada de tecnologias inovadoras à televisão

9. (D9 – Analisar a função social de diferentes gêneros textuais)
A função social do artigo de opinião é:
A) Instruir sobre leis e códigos
B) Informar com neutralidade
C) Persuadir o leitor a adotar uma postura crítica
D) Divertir com humor

10. (D10 – Compreender o uso da norma padrão e variações linguísticas)
O texto se apresenta predominantemente:
A) Em linguagem coloquial, marcada por gírias
B) Em norma padrão, com vocabulário formal e reflexivo
C) Em linguagem informal com regionalismos
D) Com uso excessivo de abreviações e neologismos

Gabarito:

  1. C
  2. D
  3. C
  4. C
  5. B
  6. D
  7. B
  8. C
  9. C
  10. B

 

Entendendo a pesquisa:

01 – De acordo com o texto, qual o significado das palavras abaixo:

·        Pragmática: voltada para a prática.

·        Estratégia: planificação das atitudes a tomar para alcançar uma vitória.

·        Atônita: aturdida, estonteada.

·        Inerte: sem reação, imóvel.

·        Indigência: pobreza.

·        Sequela: dano deixado por uma doença.

·        Conceitual: de ideias, de opiniões.

·        Enfaticamente: de modo forte, insistentemente.  

·        Desregrado: sem regras, desenfreado.

·        Inerente: próprio de.

·        Ranking: lista organizada dentro de um critério.

·        Auê: tumulto, confusão.

·        Éticos: relativos aos valores morais.

·        Lamúrias: queixas, reclamações.

·        Código: conjunto de normas.

·        Letárgicas: inertes, apáticas.

·        Tutela: direção, comando.

·        Eficácia: qualidade do que produz efeito.

·        Insone: sem dormir.

·        Ilusória: enganosa.

·        Esquizofrenia: nome de uma doença mental que afasta a pessoa da realidade.

·        Perniciosa: prejudicial.

02 – O que descobriu a pesquisa promovida pelo Jornal da Tarde?

      A pesquisa descobriu que a televisão abusa de cenas de sexo e violência para obter audiência.

03 – Qual é a opinião do autor sobre o Código de Ética da Associação Brasileira das Emissoras de Rádio e Televisão, à Abert?

      Na opinião do autor, o código não funciona: propõe um tipo de regulamentação que as TVs não seguem.

04 – Como é a programação da tarde das emissoras de televisão? Que efeito ela produz sobre o público de menores?

      Ela corrompe o público, apresentando programas totalmente inadequados a uma assistência predominantemente infantil.

05 – Você acredita que a programação das rádios e da televisão respeitam os valores éticos e sociais da pessoa e da família? Justifique sua resposta.

      Resposta pessoal do aluno.

06 – Qual a solução proposta pelo articulista do Jornal? Você a considera viável? Por quê?

      Ele propõe que o cidadão deixe de lamúrias e comece a agir. Sugere que, por exemplo, se mandem cartas às emissoras, aos jornais e se telefone aos anunciantes.

 

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